Freio no uso estético

Canetas emagrecedoras na mira da Anvisa: venda só com retenção de receita

Nova regra da Anvisa exige retenção de receita para venda de medicamentos usados no emagrecimento, como Ozempic e Wegovy; medida busca conter uso indiscriminado e efeitos colaterais graves.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A partir desta segunda-feira (23), farmácias e drogarias em todo o Brasil estão obrigadas a reter a receita médica na venda de medicamentos agonistas GLP-1 — conhecidos como “canetas emagrecedoras”, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.

A mudança foi determinada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e vale para todas as substâncias da categoria:

  • semaglutida
  • liraglutida
  • dulaglutida
  • exenatida
  • tirzepatida
  • lixisenatida

Por que a medida foi tomada?

A decisão foi publicada em abril e entrou em vigor após 60 dias. O objetivo é coibir o uso inadequado e fora das indicações aprovadas desses medicamentos, especialmente para fins estéticos.

Segundo a Anvisa, aumentaram os relatos de efeitos adversos causados pelo uso irregular dessas substâncias. A maioria dos casos vinha de pessoas que usaram as canetas para emagrecimento rápido e sem orientação médica.

“Estamos falando de medicamentos novos, cujo perfil de segurança a longo prazo ainda não é totalmente conhecido”, alertou Rômison Mota, diretor-presidente substituto da agência.

Como vai funcionar?

Com a nova regra:

  • A prescrição deve ser feita em duas vias, como acontece com antibióticos
  • A receita precisa ser retida pela farmácia;
  • A validade da receita é de 90 dias;
  • As farmácias devem registrar a compra e venda no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

O que muda para os pacientes?

A regra não proíbe o uso dos medicamentos para outras finalidades que não estejam descritas na bula — o chamado uso off label. No entanto, isso só pode ser feito com acompanhamento médico.

Alerta das entidades médicas

Organizações como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Sociedade Brasileira de Diabetes apoiaram a nova exigência.

Essas entidades alertam que o acesso fácil e sem controle às canetas emagrecedoras coloca em risco pacientes que realmente precisam do tratamento e aumenta os casos de automedicação.

“A falta de retenção da receita facilitava o uso indiscriminado”, apontaram em nota conjunta.

Fonte: Agência Brasil