Droga ou bálsamo?

BRISA DIFERENTE: Quem realmente parece 'doidão' quando o assunto é maconha?

Precisamos falar sobre maconha. Nessa semana muito se falou sobre a a erva que teve o seu uso medicinal ampliado pela Anvisa na última terça (03).

Como a erva de Angola chegou

Desde a sua colonização a erva exótica (pois não é nativa em solo brasileiro) foi trazida por escravos negros surgindo o seu primeiro nome arda de Angola. Aqui plantada, seu uso se disseminou entre nativos e escravos e séculos mais tarde os intelectuais franceses e médicos ingleses passaram a indicar seu uso como medicamento.

Mas como a maconha passou de medicamento à droga? Em 1924, um delegado brasileiro afirmou na II conferência internacional do Ópio, que a “maconha seria mais perigosa do que o ópio”. E  à partir daí já na década de 30, começou efetivamente no país a perseguição policial e forte repressão aos usuários da “erva maldita”.

Acontece que dados um levantamento de uso de psicotrópicos feitos no Brasil em 2012 pela Fundação Oswaldo Cruz mostrou que   8,8% da população brasileira já fez uso de maconha. Isso significa que quase 18 milhões de brasileiros já fizeram uso de maconha alguma vez na vida.

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Tantos pontos polêmicos estão estabelecidos nessa questão. Vou enumera-los a começar da fala do Ministro de educação Abraham Wheintraub que afirmou que as universidades públicas possuem plantações extensivas de maconha, colocando em xeque inclusive a autonomia das nossas já tão encolhidas. Quem parece estar sob efeito de algum agente psicotrópico é esse ministro que coleciona absurdos.

Fala Ministro

https://youtu.be/Ah95ofO149g

 

Falar sobre como a repressão principalmente da maconha em sua imensa maioria só marginaliza e “mata” jovens pobres em comunidades excluídas com imensa maioria de negros. Em um país onde 9 Jovens morreram pisoteados, foram torturados e brutalmente aviltados diante de câmeras com fumaça, correria e desespero. Nunca em minha vida profissional noticiei uma batida em raves onde se sabe que drogas de elite circulam livremente entre jovens na maioria abastados e brancos consomem LSD, Cocaína e Ecstasy.

 

 

Vou terminar com o cúmulo da hipocrisia que segundo minha humilde opinião reina em nosso país quando o assunto é maconha.

A cantora Ludmila que já teve seu nome envolvido em polêmica semelhante envolvendo apologia ao uso de drogas na música Não encosta no ano passado.

 

A cantora voltou a ser centro das atenções com o lançamento do clipe da música verdinha no dia 29 de novembro onde aparece fumando um “cigarrinho suspeito” em uma plantação, ostentando dinheiro em muitas referências nadas sutis à tão polêmica erva.

 

Onde pretendo chegar com toda essa discussão? Estamos em uma tendência mundial sobra a liberação total do uso da maconha, inclusive para uso recreativo. O proibicionismo já se mostrou extremamente ineficaz quanto ao uso de drogas ilícitas. Demagogia e hipocrisia com toda certeza não ajudam em nada nesse imbróglio.

O ponto central é que o uso medicinal do THC da maconha tem ajudado pacientes com câncer, AIDS, TDAH, Esclerose múltipla, Glaucoma, Alzheimer, fibromialgia entre diversas outras.

Não sejamos demagogos ao ponto de fechar os olhos para o fato de que sempre existirão usuários, eu optei por não usar e nunca provei maconha, mas respeito quem usa. Levanto aqui a bandeira do diálogo, pesquisa longe de qualquer preconceito e/ou intransigência.

Drogas líticas destroem mais lares do que a maconha, e convenhamos, que todo mundo tem em seu ciclo social daquele parente que por abuso de álcool já causou diversos problemas. O cigarro mata mais de 7 milhões de pessoas por ano. Entendam que essas drogas lícitas pagam fortunas de impostos e que nós devemos entender que doentes morrem todos os dias com dores terríveis cujo alívio pode chegar com o uso do THC, pacientes com Alzheimer tem suas atividades cognitivas ampliadas. E a concentração de THC liberada para uso medicinal no país é de apenas 0,2% e casos acima disso somente para pacientes terminais que só teriam no Canabidiol a única esperança de alívio de dores.

Apague seu preconceito, acenda a luz da tolerância e não se deixe enrolar por discurso pronto sobre o que realmente é importante, afinal o que diferencia o antídoto do veneno é apenas a dosagem.

https://www.youtube.com/watch?v=JRD_Zx-zFgE

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Alana Yaponirah