novidade

BIBI MOB: cidade cria 'Uber' próprio; motorista fica com 95% da tarifa

O que mais chama a atenção é o repasse do valor da corrida ao motorista: 95% do que o usuário paga fica com o condutor, diferentemente de outros aplicativos, como Uber e 99, que chegam a repassar cerca de 60%.

Pedir um carro por aplicativo se tornou um problema ultimamente. Cancelamentos, preços altos e queda na qualidade do serviço são alguns dos perrengues relatados por clientes.

Pelo lado dos motoristas, a situação também não é fácil: jornada de trabalho de até 14 horas diárias, baixa remuneração e combustível caro. Porém, em uma cidade do interior de São Paulo, o que poderia ser um problema de mobilidade se transformou em uma oportunidade de negócio.

A Prefeitura de Araraquara (a 277 km de São Paulo, com 256 mil habitantes) lançou no começou do ano um aplicativo de transporte próprio, o Bibi Mob. Há 200 motoristas mais de 7.000 usuários cadastrados.

O que mais chama a atenção é o repasse do valor da corrida ao motorista: 95% do que o usuário paga fica com o condutor, diferentemente de outros aplicativos, como Uber e 99, que chegam a repassar cerca de 60%.

Como o Bibi Mob foi criado?

Camila Capacle, coordenadora de Trabalho e Economia Criativa e Solidária de Araraquara diz que a Prefeitura tem um programa de incentivo ao cooperativismo, chamado Coopera Araraquara, e que a oportunidade de ajudar os motoristas de aplicativos surgiu após uma série de observações e algumas dificuldades.

“Assim como em todas as regiões, sabíamos dos diversos problemas que têm afetado os motoristas de aplicativos, como o preço dos combustíveis e a baixa remuneração. Aproveitando o mote do Coopera Araraquara, decidimos chamar esses motoristas para que eles montassem uma cooperativa”, disse.

O desenvolvimento começou em novembro de 2020. Foram meses de capacitações, cursos e conversas, até que surgiu a Cooperativa de Transporte de Araraquara (Coomappa). Com isso, foi desenvolvido o aplicativo.

Dificuldades dos motoristas

A presidente da cooperativa, Kátia Anello, que motorista de aplicativo há quase quatro anos. diz que já recebeu apenas 49% do valor de uma corrida em app comercial.

“Estávamos encurralados. O aumento do combustível, os custos de manutenção e até a lavagem dos carros subiram de preço. Porém, o valor do quilômetro rodado pago pelos aplicativos sempre se manteve o mesmo”, declara.

Com o Bibi Mob, Kátia diz que a situação melhorou.

“Agora é possível cumprir as metas. Seja de quilometragem, ou de valor, em um tempo menor do que com os outros aplicativos. Outra questão: o índice de cancelamento de corrida é quase zero, e agora só acontece quando é realmente necessário suspender a viagem”, afirma.

A diferença nos ganhos

A cooperativa fez uma comparação dos ganhos dos motoristas pelas plataformas que existem em Araraquara.

Uma viagem de 4 quilômetros que custa R$ 10 para o passageiro.

  • No Uber, de 30% a 40% ficam com o aplicativo (de R$ 3 a R$ 4). Para o motorista, R$ 6 a R$ 7.
  • Na 99, cerca de 30% do valor da corrida fica com o aplicativo (R$ 3). O motorista recebe R$ 7.
  • No Bibi Mob, 5% ficam com a cooperativa (R$ 0,50). O motorista ganha R$ 9,50.

O aplicativo de Araraquara não tem tarifa dinâmica. Ou seja, não é cobrado valor adicional caso poucos motoristas estejam disponíveis ou a demanda esteja maior que a normal.

Segurança reforçada nos dois lados

Assim como nos aplicativos comerciais convencionais, os motoristas têm que apresentar todos os documentos, o profissional precisa estar vinculado à cooperativa e também deve ter um atestado de antecedentes criminais.

O passageiro também precisa seguir protocolos de segurança. No cadastro, precisa enviar uma selfie e uma foto do documento de identidade. Então, assim como quem pede uma corrida vê o motorista, o condutor também vê quem é o passageiro.

“Já tivemos muitos crimes contra motoristas de aplicativos, e uma deficiência que sempre houve é a falta de informação sobre o passageiro. Não havia foto, nem nada. Então, quando planejamos o aplicativo, uma das principais questões que tínhamos que resolver era essa”, conta Kátia.

Fonte: UOL
Créditos: UOL