Abordagem constrangedora

Após ser vítima de racismo e acusada de furto, recepcionista passa mal e desmaia na Renner; confira

Às vésperas de completar 43 anos, a recepcionista Fernanda Rodrigues foi acusada de furtar a unidade das Lojas Renner do Shopping Bela Vista, em Salvador. A mulher, que é negra, passou mal e desmaiou após a abordagem do segurança do estabelecimento, na tarde da última sexta-feira, 20. O caso foi registrado na polícia como racismo.

A avaliação da vítima e de sua defesa não é à toa. Em entrevista ao Terra, Fernanda conta que estava olhando peças na seção masculina quando uma mulher foi flagrada pelo segurança com dois perfumes que teriam sido furtados da loja.

“Eu estava me direcionando para sair, ele estava entrando na loja e disse: ‘A senhora, por favor…’. Na inocência, nem sei o que me passou, se eu cheguei a ver a mulher roubando, não sei. Só sei que ele já veio me acusando: ‘Quer dizer que a senhora está roubando a loja junto com essa mulher’. Disse que me viu entrando com a mulher, que as câmeras provavam”, relata Fernanda.

Segundo lembra, não havia qualquer razão para ela ser associada ou confundida com a suspeita. Em primeiro lugar, porque elas não estavam juntas. Além disso, as duas tinham outras diferenças: a mulher pega em flagrante era mais alta e usava um vestido longo estampado. Fernanda estava com um vestido justo com estampa de animal print, comprado na própria Renner.

O que a aproximava da suspeita era a cor da pele. Fernanda lembra também que havia outras pessoas próximas à mulher antes de ela ser flagrada, mas todas eram brancas. Fernanda era a única pessoa negra naquele momento.

Abordagem constrangedora
Durante a abordagem, considerada agressiva e constrangedora pela vítima, o segurança teria sido orientado, através de um radiocomunicador, a dispensá-la da loja, mandando-a “vazar” (expressão popular na Bahia, que significa “dê o fora” ou “saia”). Fernanda se recusou a deixar a situação passar despercebida e insistiu com o segurança para apurar a acusação.

“Ele me fez de cachorro, ignorou o que eu estava falando com ele, me deu as costas e saiu andando. Eu fui atrás. Ele entrou na área restrita da loja, eu fiquei esperando algum funcionário e pedi pra chamar o gerente geral. […] A gerente afirmou que antes de ir falar comigo tinha que dar uma olhada nas câmeras, entender o que tinha acontecido… Ela disse que não viu ele [o segurança] me chamando, porque a câmera mostra eu indo até ele; não dá pra fazer leitura labial do que ele estava falando; e ela afirma que ele entrou dizendo que tinha cometido um erro”, lembra a vítima.

Fonte: polêmica paraíba com terra
Créditos: Polêmica Paraíba