"A importância do diálogo"

ANSIEDADE E DEPRESSÃO: transtornos afetam crianças e adolescentes podendo desencadear problemas maiores; psicólogo explica como identificar e ajudar em cada caso

Mais de um ano e meio após o início da pandemia, e a abordagem sobre as preocupações, danos e cuidados com a saúde mental nunca esteve tão em alta.

Assim como os adultos sofrem com transtornos mentais como ansiedade, depressão ou síndrome do pânico, as crianças e adolescentes também podem ser afetados com esses tipos de transtornos e os responsáveis devem ficar atentos aos sinais.

Alguns sintomas e quadros, como ansiedade e depressão, ficaram mais evidentes nessa fase complexa que estamos vivendo, com a pandemia da Covid-19, mas é importante dizer que os transtornos mentais não acontecem “do nada“, pelo contrário, eles tendem a surgir de forma gradual, desde cedo, o que nos leva a direcionar um olhar mais atento para a infância e adolescência.

Em entrevista ao Polêmica Paraíba, o Psicólogo e terapeuta Cognitivo Comportamental, Pedro Lucas, explicou que criança a partir dos seis anos de idade, que é onde começa a segunda infância, já pode desenvolver transtornos mentais; entretanto, mesmo antes dessa idade, a criança já pode dar sinais de que é uma pessoa ansiosa ou com tendências melancólicas.

De acordo com o profissional, alguns dos sinais que podem ser observados em uma criança ou adolescente que esteja desenvolvendo algum transtorno são o auto isolamento, a perda de interesses por atividades ou contextos que envolvam maior socialização, frequentes falas e/ou piadas autodepreciativas, alterações no apetite, na qualidade do sono e dificuldades de concentração. Pedro explica que esses são exemplos de que algo pode não estar bem com a criança e acrescenta que é crucial que os responsáveis tentem ter uma relação franca e aberta, pois mesmo que eles tenham dificuldade em expor seus sentimentos, se houver uma proximidade, a dificuldade será um pouco menor.

Uma das coisas que pode causar um grande impacto na saúde mental dos jovens são as redes sociais e os produtos tecnológicos; uma investigação interna conduzida pelo Instagram e obtida pelo The Wall Street Journal indicou que a empresa está consciente do impacto que a rede social tem na saúde mental dos mais jovens.

O psicólogo alertou que as redes sociais podem afetar a saúde mental de diversas formas, por exemplo: em termos de comparação com outros adolescentes que aparentemente são mais populares ou conseguem obter conquistas mais rápido. Ou na questão do cyberbullying, que faz com que muitos adolescentes sejam ridicularizados ou expostos na internet por algum tipo de comentário, ação ou comportamento.

Pedro Lucas frisou que não podemos deixar de considerar que as redes sociais também podem ser extremamente viciantes, fazendo com que crianças e adolescentes tenham graves prejuízos em suas vidas sociais e acadêmicas.

De acordo com o profissional, já existe um termo para o medo de ficar sem o aparelho celular ou longe do computador por muito tempo: nomofobia. E, para entender melhor o impacto das redes sociais nos jovens, ele recomendou que os pais, responsáveis e adolescentes assistam o documentário O Dilema das Redes, produzido pela Netflix, que aborda muitos dos danos psicológicos que as redes sociais causam atualmente.

Ficando claro que o uso de tecnologia tanto pelas crianças quanto pelos adolescentes pode ser prejudicial e vir a causar problemas piores, podendo até levar o jovem ao suicídio. Pedro explica que é importante que os pais entendam que a educação de seus filhos é de responsabilidade deles. Uma criança ou adolescente precisa ter rotina. Isso implica em horários para dormir, estudar, se alimentar e se entreter.

“O grande problema é que muitos pais acabam sendo muito omissos e passivos na criação dos seus filhos, às vezes, preferindo até que eles permaneçam conectados nos dispositivos eletrônicos para não terem que gastar tempo e energia com eles. O problema é que agindo dessa forma, a criança/adolescente se torna indisciplinada e sem rotina, muitas vezes não aceitando ser contrariada”, disse.

É por isso que os pais precisam entender que monitorar o tempo e o que o seu filho está acessando é de extrema importância e faz parte do processo de criação. Todavia, isso demanda assertividade, gasto de energia e resiliência. Aspectos que muitas vezes podem faltar nos pais.

Para reduzir o impacto negativo que a pandemia vem causando nos jovens, o psicólogo diz que é preciso gastar mais tempo com eles; ele explica que o tempo compartilhado pode ser preventivo para uma série de problemas psicológicos e comportamentais, mas caso a criança ou adolescente já estiver tendo crises graves de ansiedade ou com o humor muito deprimido, recomenda-se fortemente que os pais procurem uma ajuda profissional através de um profissional da Psicologia ou de um médico psiquiatra.

 

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba