A GLORIOSA MANGUEIRA: Um povo trabalhador que fez um extraordinário desfile! - Por Ronaldinho Cunha Lima

Eu conheço bem a Mangueira. Toquei muitos anos em sua bateria. Tive a honra de, desfilando com um tamborim na mão, inaugurar o sambódromo. Cássio Cunha Lima⁩, como prefeito já levou a Campina muitos dos seus componentes e os recebeu na própria casa. Conheço sua gente, suas vielas, suas entranhas. É verdade que lá, como em todos os morros cariocas, têm bandidos, mas são eles uma minoria. A maioria absoluta dos moradores é composta de trabalhadores: garçons, pedreiros (como foi o gênio Cartola), pintores, taxistas, trocadores, compositores, coreógrafos, seguranças, músicos, motoristas, domésticas, cozinheiras, costureiras, etc, etc … Tem também policiais, enfermeiros, advogados, médicos.

Têm muitos trabalhadores que não se misturam com o tráfico e a bandidagem, são apenas obrigados a conviver com eles. A escola desenvolve um trabalho social exemplar e exitoso. Jimmy Cater, em sua visita ao Brasil, foi lá conhecer. Eu também conheço! É lindo e comovente. Lá ainda tenho queridos amigos com quem falo com frequência (meu irmão Melô é o maior deles) Gente humilde mas de grande força e caráter. Gente honesta! O corpo diretivo da escola, eu também os conheço, não se relaciona com o tráfico nem com milícias. São pessoas sérias que dedicam sua vida à escola e a promover o maior e mais belo espetáculo da terra.

Essas pessoas, merecem os mais efusivos aplausos, não apedrejamento. Merecem nosso respeito!!! Chiquinho, o ex-presidente, em prisão domiciliar, o foi por questões da política. Ele era deputado estadual. Nada a ver com o samba, o tráfico ou com milícias. Pra encerrar, querer macular a Mangueira, suas histórias, glórias e vitórias é de uma miopia histórica aberrante e atestado do mais profundo desconhecimento do que é uma comunidade carioca. Suas dificuldades, sua realidade, sua rotina, sua poesia, samba, música e alegria. É não saber de nada. É não conhecer umas das coisas mais extraordinárias e magníficas da vida: a gloriosa Mangueira.

Fonte: Ronaldo Cunha Lima Filho
Créditos: Ronaldo Cunha Lima Filho