Sobrevivência
Lena Guimarães
Todo governo sofre desgaste na relação com aliados, por nem sempre poder dizer ‘sim’. E é verdade que não se pode agradar a todos, todo o tempo. Mas o desgaste crescente na relação entre PT e PMDB tem outro ingrediente: cada dia mais peemedebistas acreditam que o projeto nacional dos petistas conflita com seus interesses, pois quer aumentar suas cadeiras no Congresso, sufocando o partido aliado. E já tem reflexos na Paraíba.
O projeto para 2014 incluiria ainda os governos dos mais poderosos Estados, atualmente nas mãos do PSDB e PMDB, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. E essa ‘fome’ de poder fez acender a luz vermelha da sobrevivência peemedebista, que já está vendo os problemas de relacionamento com os petistas crescerem em todo o país.
As insatisfações com os amigos que estão virando adversários nos Estados, e a postura de Dilma em relação ao PMDB na reforma ministerial abriram uma porta para o presidenciável Aécio Neves negociar apoios compartimentados. Rio de Janeiro, Bahia e Ceará são exemplos. A Paraíba também está no pacote. O encontro dos senadores Cássio Cunha Lima e Vital do Rêgo vazou.
Em 2010, os dois principais candidatos a governador, Ricardo Coutinho (PSB) e José Maranhão (PMDB) pediram votos para Dilma, que só perdeu em Campina Grande, terra de Cássio, onde venceu José Serra. Em 2014, ela pode depender apenas do prestígio do PT. Pelo humor dos peemedebistas, podem simplesmente deixar rolar.
Ricardo vai colocar sua estrutura a favor da candidatura de Eduardo Campos, que tem o apelo regional; Cássio usará todo o seu prestígio para garantir votos para o tucano Aécio Neves; e Dilma, por enquanto, tem certo o empenho do seu partido, que só tem cinco prefeituras das 223 do Estado.
A recusa de aliança em torno de Veneziano Vital do Rêgo, o lançamento de candidato para enfrenta-lo, e a resistência de Dilma em nomear Vital do Rêgo são apenas três dos “espinhos” nessa relação. E eles vão decidir os votos dos paraibanos na convenção nacional, se contra ou a favor da renovação da aliança em torno de Dilma.
TORPEDO
Não faço política de retaliação. Respeito as pessoas e não é por ela ter essa posição que vou também partir para uma medida brusca de intervenção.
Do presidente do PSD, Rômulo Gouveia, ao descartar intervenção no Diretório da Capital, presidido por Raissa Lacerda, que defende Cássio.
PPS com Cássio
A direção nacional do PPS deu seu aval ao presidente estadual, Nonato Bandeira, para aliança com Cássio Cunha Lima (PSDB), respeitando o desejo da maioria do partido, que espera ainda ver Luciano Agra como seu vice.
Tietagem
Cássio foi ontem ao Hospital Napoleão Laureano, visitar um enfermeiro que cuidou do seu pai, Ronaldo, e agora está com câncer. Quase não entra. Teve que atender os que queriam abraça-lo, falar da eleição e registrar em fotos o momento.
Sobrou a vice
A opção de Rômulo Gouveia por Ricardo Coutinho preenche a 2ª vaga na chapa majoritária da aliança comandada pelo PSB, dono da primeira. Como Rômulo é candidato a Senador, sobrou a vice para negociação com outros partidos.
Faixas de protesto
Com o apoio da Aspas, procuradores responsáveis pelo movimento “Fora Gilberto Carneiro”, denunciaram, na 2ª Delegacia Distrital, que comissionados da PGE estariam, de forma truculenta, retirando as faixas de protesto.
ZIGUE-ZAGUE
+ Efraim filho (DEM), relator do projeto que disciplina realização de atos públicos, vai entregar seu parecer terça-feira. Quer a proibição de máscaras por manifestantes.
+ “Nosso relatório assegurará a livre manifestação, entretanto, não podemos mais permitir que o anonimato produza violência e badernas”, justificou o deputado.
Racha no TJ
Sempre prevaleceu no Tribunal de Justiça a lógica da antiguidade, pela qual os magistrados mais antigos, no sistema de rodízio, eram indicados para os cargos. Mesmo em períodos de guerra fria entre dirigentes e ex-dirigentes, foi respeitada. Ontem, o Tribunal rachou. Pelo critério, o desembargador Joás de Brito Pereira seria o indicado para o TRE. A eleição, que sempre foi simples homologação, registrou disputa, e João Alves venceu Joás de Brito por 9 x 8 votos. Um voto foi anulado e Marcos Cavalcanti não compareceu.
A decisão abre um precedente para a eleição do futuro presidente da Corte, marcada para novembro. Antes sabia-se que seria o desembargador Márcio Murilo. Não há mais certeza.
PONTO FINAL
O senador Cristovam Buarque (PDT) foi escolhido relator da proposta que regulamenta o uso da maconha no Brasil. Prometeu fazer um amplo debate através das redes sociais. “Não fugirei da polêmica”. Bom.