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Ricardo vive dilema para sucessão ao Palácio

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Nonato Guedes

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), segundo admitem aliados políticos, vive um dilema para se posicionar em relação à sucessão presidencial no próximo ano. Teoricamente ele deverá fechar com a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do partido a que é filiado e com quem mantém bons canais de interlocução. Mas Ricardo também possui uma relação institucional salutar com a presidente Dilma Rousseff, que em recente visita à Paraíba prontificou-se a liberar recursos para atendimento de pleitos de interesse do governo estadual. Ao mesmo tempo, a primeira pesquisa envolvendo projeções para o pleito geral de 2014, divulgada pela Wscom-Consult, revela Ricardo e Dilma na liderança das intenções de votos de eleitores paraibanos, embora com percentuais distintos. A pesquisa, contratada junto a uma empresa de Natal, Rio Grande do Norte, credita 37% ao senador tucano Cássio Cunha Lima, do PSDB, no quesito estimulado, na corrida para o governo, contra 27% atribuídos a Ricardo Coutinho.

Como Cássio tem reiterado que não vai figurar no páreo pela disputa ao Palácio da Redenção no próximo ano e tem compromisso de apoiar a reeleição de Coutinho, a tendência é de que o senador tucano consiga transferir um percentual de votos razoável para a candidatura do governador socialista. No confronto entre candidatos praticamente confirmados ao governo, Ricardo desponta com 27% enquanto Veneziano Vital do Rego, do PMDB, aparece com 11,05%, no referido levantamento. A vantagem de Dilma Rousseff sobre Eduardo Campos na Paraíba é avassaladora, o que é atribuído por partidários do governador pernambucano ao fato de que ele ainda não massificou a pretensão de ser candidato no Estado vizinho nem tem participado de eventos públicos como fez a presidente Dilma, na sua primeira vinda oficial à Paraíba depois de ter sido eleita em 2010. Naquele pleito, aliás, Dilma saiu vitoriosa em redutos estratégicos da Paraíba contra o concorrente próximo, José Serra, do PSDB, e Marina Silva, então filiada ao PV.

A estratégia que a presidente decidiu colocar em prática, priorizando investimentos maciços na Paraíba e atendendo a pleitos de lideranças políticas distintas, como o governador socialista e o prefeito da capital, Luciano Cartaxo, do PT, ou o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB, torna Dilma naturalmente favorita em qualquer cenário que venha a ser apresentado até mesmo durante o período eleitoral propriamente dito, quando o palanque deverá ser reforçado pela presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que detém grande prestígio entre os paraibanos. Em paralelo, lideranças expressivas do PT local já sinalizaram que a prioridade máxima para 2014, em termos de projeto político, será o apoio à candidatura da presidente à reeleição, como foi manifestado ao “RepórterPB” pelo prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. O PT paraibano ainda não definiu se terá espaços para lançar chapa majoritária ao governo, mas deverá lançar nome ao Senado, em composição com forças aliadas, e montar o palanque preferencial para a presidente Dilma. Luciano Cartaxo tem dito, inclusive, que seu esforço é no sentido de investir em realizações administrativas que o credenciem a atuar como um cabo eleitoral importante a favor de Dilma Rousseff.

O governador Ricardo Coutinho, que ultimamente tem investido em atrair adesões de deputados e lideranças políticas de outros partidos, além de acelerar programas administrativos de repercussão, deverá contar com o PSDB e o DEM como aliados de primeira hora, podendo atrair outras legendas que não têm interesse em se coligar com o PMDB. O problema vai ser conciliar a campanha à reeleição no Estado com o apoio ao governador de Pernambuco, se Eduardo Campos não decolar substancialmente nas intenções de voto e for tragado pela correnteza de votos que o PT espera obter na Paraíba para a presidente Dilma Rousseff. Que, aliás, deverá voltar ao Estado nos próximos meses. E conta com o apoio declarado do PP, que tem como um dos expoentes o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, licenciado do mandato de deputado federal. Em virtude dessas circunstâncias é que o governador se mantém silencioso sobre a sucessão presidencial. Ele aguarda sinais mais concretos para poder se posicionar, e espera que, nesse ínterim, seja contemplado com recursos do governo federal para projetos que tenciona executar, independentemente de apoio político à recandidatura de Dilma Rousseff. Na disputa de 2010, Ricardo logrou conciliar a situação. Apoiou a candidatura de Dilma enquanto o PSDB e DEM foram liberados para fechar com José Serra. Mas com a entrada no páreo de Eduardo Campos, o cenário fica mais complicado para o chefe do Executivo e os seus aliados socialistas paraibanos.