Polêmicas

PEN não empolga prefeitos nem deputados

fotoNonato Guedes

Criado como uma força política alternativa, o Partido Ecológico Nacional (PEN) não conseguiu avançar até agora no processo massivo de filiações de prefeitos e outras lideranças municipais, muito menos sensibilizar deputados federais da bancada paraibana. Presidido pelo deputado Ricardo Marcelo, que comanda a Assembléia Legislativa e é egresso do PSDB, o PEN investiu com êxito apenas junto a deputados estaduais, constituindo quase uma bancada paralela, tanto em relação à bancada governista como em relação à bancada de oposição. Mesmo assim, com a liberalidade reinante, alguns parlamentares se aproveitam para votar de acordo com seus próprios interesses as matérias encaminhadas pelo governo estadual. Um dos casos emblemáticos diz respeito ao pedido de autorização legislativa para contratação, pelo Executivo, do empréstimo com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 150 milhões, destinado a sanear a Cagepa, estatal de água e esgoto.

Deputados filiados ao PEN decidiram votar favoravelmente ao pedido de autorização para contratação do empréstimo. Ricardo Marcelo, confrontado com essa evidência, ponderou que respeitava a opinião de cada um, sobretudo dos que, em ocasião anterior, já haviam se manifestado a favor do empréstimo. Mas deixou claro que a votação só ocorreria depois que a Assembléia tivesse garantias concretas da legalidade da operação. O líder da bancada oficial, Hervázio Bezerra, afirmou que parlamentares filiados ao PEN não quiseram ser incoerentes, depois de ter se posicionado em favor do empréstimo e até se convencido da sua necessidade para o saneamento da estatal.

“A postura de intransigência acabaria prejudicando apenas a população das cidades paraibanas que carecem de um melhor atendimento por parte da Cagepa”, alfinetou o líder governista. Quanto à agregação de lideranças políticas ao PEN, alguns deputados estaduais confessam, “em off”, estar preocupados com a conjuntura para 2014, diante da inexistência de interesse de deputados federais e de prefeitos municipais em se filiar à agremiação. Entendem que esse fator pode ser crucial para o desempenho de uma agremiação que corteja a disputa de cargos majoritários. O nome do deputado Ricardo Marcelo tem sido lembrado como alternativa ao Senado, e é certo que ele possui influência e cacife para ser indicado dentro da agremiação. Mas corre o risco de empalmar uma “candidatura solteira”, sem o apoio de forças que são essenciais para a consolidação de qualquer projeto em âmbito estadual.

Ricardo Marcelo ganhou visibilidade com atitudes que externaram a independência do Legislativo estadual contra interferências do governo ou de outros Poderes. Também se credenciou pela abertura de espaços para debates de problemas de interesse da sociedade, em audiências públicas ou sessões especiais. Comandou, inclusive, uma Caravana da Seca, que atraiu parlamentares para acompanharem “in loco” o quadro de devastação produzido pela estiagem no semiárido paraibano. Dessa Caravana resultou o manifesto SOS Paraíba, que foi entregue à presidente Dilma Rousseff na sua visita esta semana ao Estado. Mas em termos de desempenho eleitoral em 2014 o PEN continua sendo uma incógnita. Deputados estaduais filiados começam a reclamar que há necessidade de uma estratégia mais consistente, focada na expansão do partido, mediante criação de diretórios municipais ou formação de comissões provisórias. Do contrário, receiam, a agremiação ficará diluída em relação a outros partidos e perderá espaços preciosos na corrida eleitoral à vista.