Polêmicas

Professora critica nível da coluna

Rubens Nóbrega

Quem acompanha esta coluna mais assiduamente sabe que acolho de bom grado e publico com muito gosto colaborações de qualificados leitores sobre assuntos diversos, sobretudo quando trazem denúncias ou críticas a pessoas com poder de fazer o bem ou o mal aos seus semelhantes em geral e aos seus governados em particular.

Ressalvadas as limitações de espaço e do próprio colunista, tento fazer desta coluna a tribuna livre de quem aqui comparece, entre outros motivos, para reclamar de um serviço público ruim, apontar uma corrupção, protestar contra uma arbitrariedade, cobrar providências ou reivindicar um direito aos que comandam os negócios públicos.

Em meio a essas contribuições, quase todas de altíssima qualidade, vez por outra baixa na minha caixa de correspondência um texto mais irônico ou mais agudo nas referências negativas ao poderoso da vez. Dou como exemplo o escrito do(a) colaborador(a) que participou da coluna de sexta-feira, 22, sobre as contas e as compras da Casa Civil do Governador para a Granja Santana.

Assinado por Madame Gaié, “especialista em arte culinária pós-moderna”, óbvio pseudônimo que, a exemplo de tantos outros, o colunista cria ou lhe é sugerido pelo(a) autor(a) que prefere manter-se anônimo(a), aquele texto causou tanto admiração como indignação. Entre os indignados temos a Professora Aglaé Fernandes, da UFPB, para quem a publicação de sexta última baixou além da conta o nível da coluna.

Publico adiante a crítica da renomada e respeitada Professora de Francês, que me enviou concisa e contundente manifestação em contraponto às corrosivas boutades de Madame Gaié contra figuras de proa do Ricardus I, carregando mais nos personagens envolvidos no escândalo dos luxos, mimos e exageros adquiridos com dinheiro do povo de um Estado pobre para os afortunados moradores da Granja Santana.

Diga aí, Professora

Caro jornalista Rubens Nóbrega,

Leio diariamente sua crônica no JP e geralmente atesto a boa qualidade da forma e do conteúdo. Gosto especialmente das tiradas cheias de humor e ironia dos personagens fictícios “Gosto ruim” e “Potinho de veneno”.

Ontem, fui surpreendida com um texto anônimo que você publicou, indicando que seria de um seu “amigo, assíduo e qualificado colaborador da coluna”, que, no entanto, assina-se “Madame Gaié, especialista em arte culinária pós-moderna”.

Penso que o nível de escrita caiu demais. A peça transpira vulgaridade e ressentimento incomuns na sua coluna, além de dar falsas pistas sobre quem o teria escrito. Fica aqui meu protesto contra o texto e quem maliciosamente o assina.

Cordialmente, Aglaé.

Clima ruim na Paraíba

A Professora Aglaé tem muita razão no que diz, mas ela há de compreender que escritos como o de Madame Gaié proliferam naturalmente na Paraíba de agora, em consequência da alta tensão e dos confrontos cada vez mais acirrados entre os mais diversos segmentos, grupos e personalidades que disputam o poder no Estado ou gravitam em torno dele.

Qualquer cidadão de bem com um mínimo de senso crítico há de concordar que o tensionamento em curso na Paraíba tem como um dos principais agentes o próprio governador, que desde a sua entronização no Executivo tem demonstrado inequívoco apreço ao uso da força, da autoridade e prestígio do cargo como meio de impor a sua vontade e o seu projeto de poder.

Entre os grandes beneficiários do modo ricardista de governar incluem-se, evidentemente, frequentadores do círculo íntimo do governo, bajuladores profissionais a serviço da glorificação da imagem do governante e alguns riquíssimos empresários com acesso às terceirizações, permutas e outros contratos vantajosos com o poder público estadual, firmados pela atual gestão. Já os prejudicados…

Bem, cada um que faça sua lista ou entre na fila com a qual mais se identifique. Até mesmo o colunista tem a sua, mas ela só caberia se a coluna ocupasse toda a página.

Um conselho bem útil 

Se algum poderoso da vez me desse cabimento de um conselho, recomendar-lhe-ia ouvir com atenção redobrada e de mente aberta a letra de Roberto Carlos na canção ‘É preciso saber viver’. Refiro-me especialmente àqueles versos que dizem assim: “Se o bem e o mal existem/você pode escolher/É preciso saber viver…”.

Paraíba real e violenta

Enquanto o Ricardus I esforça-se no horário mais nobre e caro da televisão para reduzir a violência a golpes de milionária publicidade, a Paraíba real mantém a média de uma dúzia de assassinatos por fim de semana apenas na Grande João Pessoa e agora os ladrões está invadindo até mesmo pista de prova do Detran para assaltar apavorados candidatos a motorista.