cirurgia delicada

Em caso raríssimo, bebê com três braços passa por amputação

Em caso raríssimo, bebê com três braços passa por amputação

Em um caso raríssimo, um bebê que nasceu com um braço extra e metade de coração – além de outras  situações clínicas –, teve o terceiro membro amputado em uma cirurgia delicada na última quarta-feira, 23. O membro será estudado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

O bebê, que vive com a família em Praia Grande (SP), nasceu com um braço extra que tem duas mãos; metade do coração e outras deformidades, como o lado esquerdo do corpo diferente do lado direito. O braço extra contava ainda com sistema nervoso e ossos.

No total, em um ano e sete meses de vida, César já passou por seis procedimentos cirúrgicos. O mais recente, na semana passada, foi realizado por uma equipe do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

“Eu estava morrendo de medo”, confessa a mãe, Michelle Aparecida Pereira Fondos, de 38 anos. “Durou mais que o esperado. Eu já estava em um desespero tão grande, perguntando o tempo todo sobre ele…”, lembra, em entrevista ao Terra.

O medo logo deu lugar ao alívio quando o bebê saiu da mesa de cirurgia, que foi um sucesso. Segundo Michelle, a recuperação do bebê foi rápida e na mesma semana ele pôde voltar para casa.

“Os médicos disseram que ele estava ótimo, os exames todos corretos, e deram alta para ele no sábado [26]”, conta a mãe, orgulhosa.

Caso raríssimo

O caso de César é muito raro na medicina. A principal hipótese da equipe médica que acompanha o bebê é que se trata da junção de gêmeos siameses. Ao longo da gestação, um organismo teria combatido o outro, sobrando apenas alguns órgãos do segundo. Michelle só soube das condições clínicas do filho após o nascimento.

Dentre as más formações, César tem também a Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo, que acontece quando uma parte do coração não se desenvolve completamente durante a gestação, e passou os primeiros meses de vida em uma UTI pediátrica na capital paulista. Ele foi desenganado por vários médicos que tiveram contato o caso.

Nesta cirurgia, porém, o bebê ficou aos cuidados da equipe do médico Marcelo Rosa de Rezende, chefe do grupo de mão do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC, e foi operado pelo médico Hugo Nakamoto.

Marcelo explica que a condição de César é raríssima, ao ponto de haver apenas dois casos descritos na literatura médica brasileira até o momento. “Era duplicação do membro superior com um membro não funcional e, também, mão espelhada. Ele tinha duas deformidades raras na mesma situação”, explica.

Segundo o ortopedista, a cirurgia não foi tão complexa quanto pode parecer, mas a pouca incidência de casos gera falta de conhecimento sobre o que pode ser enfrentado na mesa de cirurgia. “Você acaba precisando ser criativo naquilo que se propõe a fazer, já que mundialmente ninguém tem uma experiência grande”, diz.

Após a cirurgia, o membro foi recolhido para ser estudado por uma equipe de pesquisadores da USP. O estudo permitirá que a anatomia desse tipo de deformidade seja compreendida e auxilie em casos futuros.

Próximos passos

O foco da família e da equipe que atende César é o desenvolvimento do bebê nos próximos meses, já que suas condições clínicas retardam seu crescimento. Por causa do terceiro braço, por exemplo, o bebê se desequilibrava com facilidade e aprendeu apenas a engatinhar, até agora.

“Quero que ele comece a andar”, comenta Michelle.

 

Fonte: Terra
Créditos: Terra