Estudo

Pesquisa da UFPB indica que microcefalia por zika na Paraíba começou em 2014

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) encontrou evidências do aumento de casos de microcefalia associados ao vírus da zika ainda em 2014, um ano antes do surto registrado no Brasil.

O estudo foi realizado entre 2019 e 2020 por pesquisadores dos departamentos de Promoção da Saúde e de Estatística da universidade, em parceria com pesquisadores da Escola Andaluza de Saúde Pública, da Espanha.

O levantamento apontou ainda que recém-nascidos prematuros e filhos de mães com menos de 20 anos apresentaram maior risco de ter microcefalia.

A pesquisa foi realizada a partir da medição da circunferência da cabeça de 62.298 crianças nascidas na Paraíba entre os anos de 2014 e 2017. O professor Alexandre Medeiros ressalta que a alteração no perímetro cefálico, com medida inferior ao esperado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não implica necessariamente uma doença.

“Estes recém-nascidos podem apresentar baixo perímetro cefálico sem nenhuma patologia ou ter alterações por doenças do crescimento, genéticas ou infecções como a zika, por exemplo”, ressaltou Alexandre.

Segundo Alexandre, o estudo contribui para a compreensão do tema, mas ainda há várias lacunas a serem preenchidas sobre a relação entre microcefalia e zika, com opor exemplo, por qual motivo o Nordeste concentrou o maior número de casos do País ou por que o grande número de casos de zika em 2016 não gerou um grande número de crianças com microcefalia.

Após aumento do número de casos em Pernambuco, no final de 2015, o governo brasileiro declarou situação de emergência em saúde pública, confirmando a relação entre a zika e a microcefalia.

Segundo o Boletim Epidemiológico da Síndrome Congênita Associada à Infecção pelo Vírus Zika (SCZ), publicado pelo Ministério da Saúde no ano passado, entre 2015 e 2019 foram 3.474 casos confirmados no país (82,9% deles entre 2015 e 2016). Desse total, 2.179 confirmações da síndrome congênita ocorreram no Nordeste, sendo 220 na Paraíba, terceiro estado da região em número de casos confirmados (atrás da Bahia e de Pernambuco, respectivamente).

A versão completa do artigo “Microcephaly epidemic in Brazil: An earlier chapter” ainda será publicada no periódico Médecine et Maladies Infectieuses, mas é possível acessar uma prévia da publicação. Clique aqui e confira.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba