Polêmicas

Luciano: teflon e clara de ovo?

Rubens Nóbrega

Todo candidato a cargo majoritário almeja alcançar o chamado status teflon, referência àquele revestimento de panelas que de tão antiaderente dispensa até óleo na fritura. Em sentido político figurado, quer dizer que nada pega no candidato, incluindo eventual sujeira com que queiram manchar o cartaz ou a biografia do cara.
Pelo visto, Luciano Cartaxo, candidato do PT a prefeito de João Pessoa, já seria ou estaria bem pertinho de virar teflon, pois não pegaram nele nem os famosos ‘mensaleiros’ nem a denunciada ilegalidade que teria protagonizado ao prometer regularizar a situação dos agentes de saúde do município em reunião da qual participaram o prefeito Luciano Agra e outras autoridades da Prefeitura.
Blindado pelo teflon, o candidato petista parece que se beneficiou também do efeito clara de ovo, aquele consagrado pelo Doutor Ulisses. “Quanto mais batem, mais ele cresce”, eis o recado possível das últimas pesquisas de intenção de voto, tendência que se confirma agora com a divulgação dos resultados do Ipespe, que ouviu o eleitorado da Capital quarta e quinta últimas.
Pelo visto, a julgar pela nova pesquisa Ipespe, fez pouco ou nenhum efeito a artilharia pesada que Ricardo Coutinho, José Maranhão e Cícero Lucena, nessa ordem, vêm despejando sobre Luciano Cartaxo desde que o petista assumiu a ponta da corrida sucessória em João Pessoa.
De nada adiantou colocar na televisão um furibundo Ricardo desqualificando da forma mais virulenta o adversário. Da mesma forma, não se vê rendimento algum na propaganda eleitoral de Maranhão tentando botar na cabeça do eleitor que Luciano anda metido com gente ruim, supostamente corrupta, tanto no presente como no passado recente.
RC ajuda e atrapalha Estelizabel

Os resultados que este Jornal divulga hoje me confirmam, aliás, o que pesquisas qualitativas de determinado comitê já haviam apurado sobre esse tipo de pauleira contra Luciano. Estaria dando efeito contrário, porque os mais agressivos foram os primeiros a constatar estagnação e descenso somados a um acréscimo de rejeição nas campanhas de Estelizabel Bezerra e do ex-governador.
A candidata do governador, além de patinar em 12%, conforme o Ipespe, vê a rejeição ao seu nome aumentar: de 33% em julho para 35% em setembro. Já Maranhão, que desencavou um ‘tesouro’ de fotos e áudios aparentemente comprometedores para Luciano Cartaxo e vem usando o material exaustivamente no rádio e na tevê há dez dias, alcançou na semana que passou a espantosa marca de 40% de rejeição à sua candidatura. Em julho, ‘apenas’ 28% diziam que não votariam nele de jeito algum.
Dá pra acreditar, portanto, que o bombardeio não está funcionando e deve haver mudança de estilo e comportamento nas campanhas de Estelizabel e de Maranhão. Até por que ambos devem ter pesquisas internas também e, se baterem com uma a que tive acesso, pelo menos a candidata do governador vai se render às evidências de que toda vez que Ricardo aparece no seu guia a rejeição a ela aumenta.
O problema é que ninguém tem coragem de dizer isso ao governador. E, se disserem, ele não vai acreditar, seja porque o ego não permite, seja porque tem consciência de que ele é, ao mesmo tempo, um grande problema e a única solução possível para melhorar o desempenho eleitoral de sua candidata.

 

Só a máquina leva pro 2º turno

Ninguém, nem mesmo Estelizabel, seria capaz de negar, sinceramente, que a sua candidatura só tem alguma chance de chegar ao segundo turno se o seu padrinho entrar ‘pesado’ na campanha com a máquina do Estado. Se chegar lá, portanto, não há dúvida de que aconteceu exatamente isso que todo mundo espera, comenta e até aposta.
Se conseguir a façanha de empatar na guerra das máquinas e for mesmo adiante na peleja, Estelizabel vai enfrentar um Luciano estabilizado e isolado no topo da preferência do eleitorado. Tem mais: a preço de hoje, ela seria a adversária mais facilmente derrotada pelo petista na partida final.
Na simulação feita pelo Ipespe para o segundo turno, Luciano bate Estelizabel por 48 a 24. Ele também ganharia folgado de Cícero e Maranhão (42 a 31 e 49 a 27, respectivamente). Restaria à candidata do governador o consolo de que o mesmo instituto projeta uma vitória sua em eventual segundo turno contra Maranhão. Ela venceria por 37 a 35.
Posição consolidada do petista

Tanto a pesquisa Ibope da semana retrasada como a do Ipesp que este Jornal divulga hoje mostram um Luciano Cartaxo consolidado na liderança, abrindo cinco pontos de vantagem em relação a Cícero e dez sobre Maranhão, justamente os dois que na pesquisa anterior do mesmo instituto dividiam folgadamente o título de favoritos.
Quando foi às ruas entre 14 e 16 de julho realizar a primeira grande pesquisa de opinião sobre as eleições da Capital paraibana, o Ipespe encontrou o ex-governador e o senador rigorosamente empatados. Cada um detinha, então, 27% das intenções de voto, 15 pontos acima do índice obtido por Luciano, apontado à época como um azarão com tendências a perder a terceira posição para a candidata do governador.