Gilvan Freire
Há pelo menos 3 milhões de anos, segundo pesquisas arqueológicas e antropológicas, os ancestrais dos homens habitavam a Terra. Eram os Hominídeos, pequenos grupos que se defendiam de feras, doenças, adversidades climáticas e desastres naturais em território da África tropical, no entorno do que é hoje a Etiópia. Se alimentavam de amêndoas e vegetais e só passaram a comer carne mais adiante quando descobriram a caça e fizeram artesanalmente as ferramentas para fisgar os animais.
Desde então, a espécie vem evoluindo para chegar ao homem atual, ereto e esclarecido – andante e pensante, vez que, noutros tempos, nem foi ereto nem pensante (ao que se supõe), muito próximo dos macacos, primatas ainda hoje sobreviventes.
Mas não se sabe, nem se cogita, de que o homem em sua fase primitiva tenha andado para trás, como fazem os caranguejos, por exemplo. Ou seja: que em algum tempo da história do mundo o homem tivesse a cabeça voltada para trás e os pés compostos em sentido contrário ao que são hoje. Embora os homens, assim como os animais e veículos, tenham mobilidade pra também dar ré.
O filósofo Trocolli Jr., aprendido precocemente na escola política da Capital, onde estagiou cedo com Wilson Braga e observou as mutações de outras feras do zoológico provincial, não demorou a concluir que os carros, assim como os homens, se têm a marcha ré é para engatar, e não para enfeitar. Foi a partir disso que ele passou a usar os dois dispositivos quando é para se locomover nessa floresta de animais rudes e hominídeos, onde uns caçam os outros para sobreviverem. Trocolli sabe que precisa sobreviver e se defender das feras, porque é presa pequena, de fácil destruição.
Ora, se Trocolli Jr, que é apenas um personagem pequeno nesse cenário de lutas selvagens, tem tamanha capacidade de percepção, imagine-se como não agem os hominídeos maiores a fim de se defenderem das feras mais monstruosas, assombrosas e devoradoras.
Trocando em miúdos e aplicando essas teses antropológicas à política da Paraíba, talvez seja fácil compreender porque os maiores líderes de nossa savana estão também engatando a marcha ré. Todos caminham para trás, recuando. E quando chegarem a um ponto onde possa ser considerado o começo de tudo, pararão e engatarão de novo uma marcha à frente. É ai onde começa o futuro. Ou seja: ontem, lá atrás.