Rubens Nóbrega

Dona Glauce Burity esteve no último dia 4 no Centro Turístico de Tambaú, na Capital, para ver com seus próprios olhos se era verdade que o Ricardus I havia retirado a placa de inauguração daquele prédio, construído ainda no Burity I (1979-82). Era.

Não só a placa original fora retirada como substituida por uma novinha em folha na qual estava escrito que aquilo lá era resultado de uma obra de ‘reconstrução’ empreendida pelo atual governo. Dona Glauce leu duas vezes a nova placa para se certificar que não estava lendo errado. Depois, olhou em volta e conferiu: o prédio continuava o mesmo que o seu saudoso marido mandara construir. De diferente, talvez, uma pintura nova e a calçada refeita.

Diante daquela inusitada usurpação, a viúva do governador Tarcísio Burity não conteve sua revolta e iniciou ali mesmo um protesto, no que foi apoiada por transeuntes, servidores públicos, lojistas e outras pessoas que conhecem minimamente a história daquele espaço ou têm a ver com o Centro Turístico.

A reação de Dona Glauce não demorou chegar aos ouvidos dos responsáveis pela ‘obra’, que providenciaram o retorno da velha placa ao lugar que é dela por direito, apesar de a peça ter sido visivelmente estragada durante a troca.

Estou reprisando essa história, que já foi objeto de notas curtas em outros espaços da imprensa, para acentuar que Sua Majestade não teria o menor problema nem pudor em assumir a paternidade de iniciativas alheias.

Se faz isso em obras inauguradas e funcionando há mais de 30 anos, por que não faria com aquelas que recebeu quase concluídas, pela metade, só no começo ou apenas licitadas, contratadas e com dinheiro captado, assegurado ou já em caixa para pagá-las?

Agora que vocês conhecem um pouco, muito ou estão começando a conhecer e a perceber quem é realmente Ricardo Coutinho, alguém aí acredita que ele teria alguma dificuldade em faturar como seus os projetos de obras físicas elaborados, encaminhados e aprovados por antecessores junto ao Governo Federal ou agentes financeiros internacionais?

Se ele foi capaz de reinaugurar um equipamento que encontrou prontinho da Silva como o Hospital de Trauma de Campina Grande, adiando por pelo menos seis meses o início de um atendimento pelo qual esperavam milhares de paraibanos…

O monarca vai bem deixar de faturar uma Translitorânea, que pegou ‘só’ com 90% da obra já executada? E o que dizer de um Centro de Convenções que o antecessor conseguiu executar apenas 20%? E as estradas que vem “fazendo” com recursos negociados pelo Cássio II, contratualizados e liberados pelo Maranhão III?

Ah, senador Cássio, tenha paciência! De todos, Vossa Excelência talvez seja a pessoa com menos razão no mundo para reclamar da propaganda que o Ricardus I mandou espalhar em outdoors e passar no horário mais nobre e mais caro da televisão. Afinal, vossência elegeu o homem por acreditar – fazendo com que a maioria da Paraíba acreditasse – que Ricardo Coutinho seria diferente e teria coragem de fazer o que nenhum outro governador fez. Pois, então…
Nem Ronaldo nem Burity…

Se depender do engenheiro Dácio Vales Lacerda, o Centro de Convenções de João Pessoa não será batizado com o nome de Tarcísio Burity ou de Ronaldo Cunha Lima. Ele defende que o homenageado seja o Padre Azevedo. Veja como e porque, adiante.

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Caro Rubens, há semanas a Paraíba foi sacudida com a polêmica a respeito do nome a ser dado ao futuro Centro de Convenções de João Pessoa. O governador sinalizou homenagear o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, após o quê a família do ex-governador Tarcísio Burity não poupou críticas à atitude.

Mas tanto um quanto o outro são merecedores de homenagens. Burity, pelo fato de ser o idealizador do Pólo Turístico, além de grande incentivador do turismo. Ronaldo, com sua poesia, toca o sentimento de qualquer mortal. Mas, para atender a todos e principalmente a Paraíba, tenho uma sugestão a dar ao nosso Governador.

Considerando que o Centro de Convenções terá dois enormes pavilhões de
exposição, seria interessante dar o nome de cada um deles aos ex-governadores. Assim, arrefeceria os ânimos das duas famílias e perpetuaria os ideais de paz, harmonia e união, que apesar de não terem vingado aqui na terra, ficariam para a posteridade. E o nome principal do Centro de Convenções?

Tenho uma sugestão: Padre Azevedo. Francisco João Azevedo foi um religioso paraibano que viveu entre os anos de 1814 a 1880. Muito pobre, foi adotado por religiosos de Olinda e formou-se em Recife, onde lecionou. Foi o inventor da máquina de escrever, mas teve os desenhos de seu protótipo roubados. Suspeita-se que foram parar nas mãos do americano Christopher Latham Sholes (1819-1890), que teria aprimorado o projeto e patenteado em seu nome.

Com esta homenagem, a Paraíba estaria reparando uma injustiça secular contra o inventor da máquina de escrever, o Padre Azevedo. Envio esta sugestão para você, pois sei que será lida pelo governador. Afinal, Sua Excelência é leitor assíduo da coluna.

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Duvido que o governador leia a coluna, meu caro Dácio. Mas os advogados que Sua Majestade ‘contrata’ para me processar e a bajulação vigilante, com certeza.