A prova aplicada a cada triênio pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliou as províncias chinesas Pequim, Xangai, Jiangsu e Zhejiang, consideradas regiões mais ricas. Mesmo os alunos mais desfavorecidos dessas localidades exibiram habilidades acima da média do exame. O sucesso, no entanto, é questionado por não abarcar outras áreas do país, o que não representaria com precisão a realidade de milhões de estudantes que vivem nas periferias e regiões rurais.

Estudantes do Ensino Médio de uma escola na província de Guangdong assistem aula com suporte de transmissão em 5G Foto: China News Service / Getty Images
Estudantes do Ensino Médio de uma escola na província de Guangdong assistem aula com suporte de transmissão em 5G Foto: China News Service / Getty Images

A despeito das indagações, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, classificou o desempenho chinês como “impressionante”. No relatório do PISA, ele argumenta que os níveis de renda dos locais avaliados ainda estão abaixo da média dos registrados em países membros da organização.

“Essas quatro províncias do leste da China estão longe de representar o país como um todo, mas o tamanho de cada uma delas se compara ao de um país típico da OCDE, e suas populações somam mais de 180 milhões”, afirmou Gurria, acrescentando: “A qualidade de suas escolas hoje contribuirá para a força de suas economias amanhã”.

No caso dos países do grupo de desenvolvidos, a renda familiar per capita é de US$ 30.500, mais que o triplo dos níveis mais altos observados na China, de acordo com a CNN. Os dados correspondem aos números de um índice mais recente da OCDE, chamado Better Life Index.

Macau e Hong Kong vêm na sequência. O domínio asiático contrasta com a estagnação da educação nos países membros da OCDE. Guria chamou de “decepcionante” a virtual falta de melhoria na performance dos estudantes destas nações desde que o exame começou a ser aplicado em 2000, mesmo que tenham aumentado seus gastos na área.

Tal fato chama a atenção para a relação dos contextos sociais e econômicos em que os alunos estão inseridos com seus resultados educacionais. Ainda aponta para a necessidade de levar em conta as mudanças experimentadas pela era da informação. O relatório destaca o desafio de preparar os estudantes para não apenas extrair informações do que leem, mas sim fazerem julgamentos bem fundamentados dos textos e saberem discernir o que é verdadeiro e o que é falso.

“Estamos felizes que a China esteja indo bem. Não participamos do PISA para tentar vencer todos os países. Participamos para aprender áreas importantes e melhorarmos. Quando outros países se saírem bem, continuaremos aprendendo com eles e tentaremos tornar a experiência educacional mais positiva e eficaz para nossos alunos”, disse o vice-diretor geral do Ministério da Educação de Cingapura, Sng Chern Wei, ao The Strait Times.

PISA 2018

A avaliação foi aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anos de 79 países, incluindo aqueles que não são membros da organização. O exame, que teve sua primeira edição em 2000, mediu as habilidades em leitura, matemática e ciências.

O Brasil encontra-se estagnado há mais de uma década, com médias 413 no quesito Leitura (57º do mundo), 384 em Matemática (70º) e 404 em Ciências (64º). Traduzindo, 43% dos participantes brasileiros não sabem o mínimo nessas três áreas do conhecimento.