Quem vai para o sacrifício ?

ROMERO E O DILEMA DA AUTONOMIA: A candidatura de Pedro atira em 2018, mas quer acertar é em 2020 - Por Romulo Oliveira

Romero acertou ao permanecer no cargo, atendendo ao chamado da cidade e a necessidade de proteger o território, mas errará se embarcar nessa aventura. Quem vai para o sacrifício como ele foi, tem total legitimidade de bancar alguém próximo e de sua confiança para defender o legado dos seus governos.

ROMERO E O DILEMA DA AUTONOMIA

Por Romulo Oliveira

Autonomia é uma necessidade fundamental para todo político que se preze. Tomar decisões sem o receio de ser traído por um partido que não comanda; ficar a mercê de imposições do grupo político que podem comprometer planos de médio e longo prazo. É por estas e outras razões que detentores de mandatos importantes buscam o porto seguro da autonomia política, conhecida pragmaticamente como controle partidário.

Correndo o risco de não ter legenda para disputar o mandato de prefeito em 2004, o então deputado estadual Ricardo Coutinho trocou a autofagia petista pelo PSB, partido que passaria a controlar com o tempo; Rômulo Gouveia deixou o PSDB do grupo Cunha Lima para assumir os destinos do PSD; PP, PR e PTB são partidos que possuem autonomia, em que pese serem comandos por famílias. Mais recentemente, o prefeito Luciano Cartaxo assumiu os destinos do PV paraibano. Além do grupo Mota Wanderley de Patos que migrou do MDB para o PRB.

Em síntese, autonomia significa demonstração de força política e garantia de controle dos próprios movimentos.

Eleito no 1º turno em 2016, o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, saiu daquela disputa alçado ao posto de líder consolidado. Deixando para trás a sombra de figura dependente da família. Campina soube reconhecer em Romero uma liderança que algumas figuras próximas tinham (e ainda tem) dificuldade em reconhecer.

Com um governo operoso e bem avaliado, Romero, ao abdicar da disputa em 2018, deixou claro o seu interesse em focar na gestão e, consequentemente, preparar o seu sucessor na peleja de 2020. Meta que parece não ter sido absorvida por setores do grupo político que compõe.

O lançamento do nome do deputado Pedro Cunha Lima como pré-candidato ao governo do estado – movimento batizado de Plano P – trata-se, na verdade, de uma estratégia de médio prazo com endereço certo: a prefeitura da Rainha da Borborema.

Explico.

A insistência em pautar um deputado de primeiro mandato, com menos de 30 anos de idade, sem nenhuma experiência administrativa para postular o mais alto cargo do estado é uma demonstração clara de que não se busca o objetivo imediato. A candidatura de Pedro atira em 2018, mas quer acertar é em 2020. Apoiá-la, portanto, seria um movimento imprudência para quem pretende ser o principal protagonista nas próximas eleições municipais campinenses, objetivo central do núcleo romerista.

Romero acertou ao permanecer no cargo, atendendo ao chamado da cidade e a necessidade de proteger o território, mas errará se embarcar nessa aventura. Quem vai para o sacrifício como ele foi, tem total legitimidade de bancar alguém próximo e de sua confiança para defender o legado dos seus governos.

Os objetivos do prefeito estão claros, resta saber como ele resolverá o dilema que a cada dia se aproxima: ficará a reboque de terceiros ou buscará uma estrutura partidária para conduzir seus passos?

Muito embora pareça um paradoxo temporal; se almeja sucesso nas suas pretensões em 2020, Romero precisará resolver o dilema da autonomia ainda em 2018.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: romulo oliveira