Amadeu Robson Cordeiro
Não consegui acreditar, como também esquecer, a célebre frase que li ainda quando criança, dita pelo presidente Charles de Gaulle, quando em 1966, ao subir o último degrau do avião da Air Françe que o levaria de volta a Paris, sentenciou: “Este não é um país sério”.
Pelo dito e diante da sucessão de fatos que se renovam nas turvas páginas da nossa administração/política estadual, começo a entender o porquê de tamanho apetite por determinados cargos, quando o rateio de verbas públicas se torna moeda corrente que compra e corrompe nas mercearias, quitandas e barracos do poder.
Vejo, entretanto, que a Paraíba ainda não esboça sinais de mudanças. É o que afirma alguns organismos oficiais, estando, portanto, muito distante do que acontece na cidade de Istambul, no Oriente, onde algumas pessoas caminham pelas ruas sem dedos e outras até sem mãos. A explicação é que são castigos decorrentes de punição aos que praticam furtos ou roubos. Se esse estigma desrespeita os direitos humanos, decorre, entretanto, de uma tradição e costume de um povo que se assenta numa legislação cujas normas retratam um misto de princípio religioso e jurídico.
O colunista paraense Osvaldo Mello disse: “No nosso país (Estado), para os larápios entronados não se deseja tanto, portanto, pedindo perdão a Deus, conclamo para eles: bem que as mãos desses infiéis representantes do povo poderiam ser decepadas em praça pública, já que a pena de prisão perpetua é inviabilizada pela nossa Constituição”.
Partindo para um paradoxo, convenço-me de que a ambição por cargos públicos não é inerente ao ser humano e relembro um artigo meu publicado em determinado jornal que decantava a nomeação de um cão, pastor alemão, como assessor de uma prefeitura de um município carioca, fazendo-me recordar com saudosismo o nosso Rin-tin-tin que, infelizmente, caiu em decadência existencial e hoje se vê página virada, sopesado pelos mimos e afagos de um peludo e perfumado assessor de gabinete. Disse o que gostaria de dizer. Ponto final…
Passando para os próximos parágrafos, faço questão de registrar que não particularizo minhas idéias dentro do meu universo funcional. Toda regra tem exceção. Não sei quanto aos outros, mas tenho o meu limite e tolerância para verbalizar sentimentos, pensamentos e opiniões. Percebo que algumas pessoas passam boa parte do tempo explicando-se por atitudes suas, justificando as dos outros, dando respostas a tudo e todos por coisas que nem sempre precisam de respostas. À vezes os fatos estão tão claros e visíveis que não precisam responder nada…
A disputa pela função pública generalizada em todos os setores da administração pública dos três Poderes redunda numa inquirição: Quantos racionais não estão às portas do poder, com o rabinho balançando, bramindo: Au, au; Au, au; Au, au. De paletós ou a Chanel, o nicho ecológico desfila rotineiramente nas alamedas da corte: são macacos, cobras, raposas, preguiças, burros, jumentos, alces, urubus e sanguessugas. Hoje, a ração, nesse zoológico público é o papel moeda ou similar, comestível aqui ou em qualquer oásis fiscal, para revolta e indignação dos fabricantes de Bonzos e Papitas.