Polêmicas

O Sombra do Império

Rubens Nóbrega

Ouvindo ontem comentários de amigos sobre o desempenho de determinado figurão nos bastidores do reino que se instalou na Paraíba, veio-me de imediato à lembrança a imagem e algumas passagens da vida do Chalaça.

Para quem não conhece ou esqueceu, refiro-me a um dos personagens mais fascinantes do Brasil Império, sobretudo pela influência que exerceu sobre Dom Pedro I, de quem foi parceiro de farras e, dizem, até de mulheres.

Entre outros feitos do Chalaça, que também atendia pelo nome de Francisco Gomes da Silva, estaria a própria ideia da proclamação do Brasil independente, projeto do qual teria convencido decisivamente o então príncipe regente.

Não por amor ao Brasil, lógico, que Chalaça era lisboeta da gema e fugiu para o nosso país de carona na fuga que Dom João VI empreendeu com declarado objetivo de livrar a cara e a cabeça que certamente perderia se capturado pelas tropas de Napoleão.
Com o lance da independência, e sem ter mais que prestar contas a Lisboa, Chalaça ampliaria o poder de fazer a cabeça do novo imperador, facilitando sobremaneira sua desenvoltura junto aos fornecedores da Corte.

Consta que Chalaça fez fortuna graças às gordas comissões que recebeu e às sociedades que fechou e formou com seus corruptores, sempre atuando como intermediário nas milionárias e superfaturadas compras de serviços e produtos pelo poder público. Detalhe: naquela época, nem precisava ter licitação de fachada.

Para saber mais
Quem quiser se aprofundar sobre a criatura que inspira a coluna de hoje sugiro ler o livro ‘O Chalaça’ (Objetiva, 1998), de José Roberto Torero, e ‘Chalaça, o Amigo do Imperador’ (Conrad Editora, 2005), história em quadrinhos escrita por André Diniz e desenhada por Antônio Eder.

Agora, quem quiser moleza faz como o colunista: dá uma passada na Wikipédia, a Enciclopédia Livre da Internet, e de lá extrai os elementos para montar um breve perfil do Chalaça, sobre quem se pode dizer ainda que o cara foi, de fato, A Sombra do Imperador ou O Sombra do Império.

Entre outros motivos, conforme expõe a própria Wiki, porque Chalaça foi antes de tudo um competente arrajandor de belas mulheres para Dom Pedro, entre elas Domitília de Castro, a Marquesa de Santos, que – vejam só! – teria servido tanto ao seu amante imperial quanto ao seu agenciador real, digamos assim.

Quem coloca essa pilha na história é Cipriano Barata, médico e político baiano que se fez jornalista e ativista pela apartação do Brasil de Portugal, processo que ajudou um bocado publicando o seu combativo ‘Sentinela da Indepedência’, que lhe valeu muitas perseguições e cadeias.

Pois bem, segundo Barata, Domitília e Chalaça teriam sido “amantes mancomunados para extrair do príncipe o maior lucro”, além de protagonistas da primeira ménage à trois da nossa história.

‘Perseguição, ira e rancor’

Está no mais recente artigo de Amadeu Robson Cordeiro, auditor fiscal do Estado que escreve como ninguém sobre a relação do Ricardus I com o funcionalismo em geral e o pessoal do Fisco em particular. É outra recomendação de leitura que faço com muito gosto e certeza de agrado. Só uma palinha, pra vocês verem como é:

– Todos os sonhos que construímos com o nosso trabalho, pensando na tranqüilidade futura da família, parecem-nos em vão. O senhor rasgou os nossos direitos, governador. Nossas conquistas obtidas e mantidas em governos passados, inclusive com o aval de alguns dos seus auxiliares diretos hoje, para Vossa Excelência é coisa imoral, ilegal e Vossa Excelência faz questão de desmontá-las, com excesso de perseguição, ira e rancor.

UEPB: perguntas e respostas

Em matéria de contencioso entre UEPB e Governo do Estado, quem quiser saber a verdade (antes que um decreto-lei do monarca proíba qualquer outro conceito ou acepção do termo que não seja o governamental) tem que visitar o sítio de Emerson Saraiva (emersonsaraiva.com.br).

Lá tem um fantástico pingue-pongue de perguntas e respostas sobre o que realmente aconteceu, acontece e pode acontecer com a Universidade Estadual da Paraíba após ter a sua autonomia ferida de morte por quem mais prometeu respeitar, consolidar e até ampliar essa mesma autonomia.

Aguinaldo precisa esclarecer

Desejo sucesso e boa sorte ao novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, mas temo pela sua permanência no cargo se ele não enfrentar nem esclarecer ou rebater, de modo objetivo e convincente, as acusações da grande frigideira, quer dizer, da grande imprensa. Só dizer que passou na peneira do Planalto não resolve, evidentemente.