A paulistana Sabrina Nogueira, de 31 anos, estava infeliz com a vida no Brasil. Decidida a mudar tudo, ela foi estudar inglês na Austrália e acabou arrumando um emprego de stewardess, espécie de comissária de bordo de iates. Após conhecer vários lugares do mundo, ela conta a sua experiência e explica como é possível conseguir esse verdadeiro emprego dos sonhos.
“Eu sempre digo que, se pudesse, colocaria cada um dos meus amigos e familiares em um barco para viver o que estou vivendo. É uma experiência fascinante e que realmente vicia. Tinha 24 anos quando decidi sair do país para aprender inglês. Na época, trabalhava em uma empresa de eventos no ramo alimentício e havia feito três anos de faculdade de Biologia, mas não estava dando muito certo.
Como não tinha muita grana, cheguei a vender algumas roupas para conseguir dinheiro e tirar meu passaporte. Também tive o apoio financeiro do meu pai e aproveitei o dinheiro do seguro-desemprego. Na época, em 2009, devo ter gasto uns R$ 12 mil entre passagem, grana para levar e o curso de inglês. Foi por conta dele, aliás, que consegui tirar um visto de estudante. Minha regra básica sempre foi manter tudo na legalidade, por isso sempre estudei para manter o meu visto.
Meu destino foi a Austrália. Quando cheguei lá, trabalhei praticamente com quase tudo, assim como muitos brasileiros fazem. Comecei como garçonete, mas também fui faxineira e peguei copo em baladas. O meu melhor emprego foi em um asilo, mas ainda assim continuava atuando como garçonete em um restaurante na marina da Gold Coast, onde conheci meu primeiro contato em barcos.
Como atendia muitos clientes que eram donos, comecei a fazer alguns “bicos”. Inicialmente, uma ou duas vezes por semana, meu trabalho era servir as pessoas que alugavam a embarcação por um dia, seja para comemorar um aniversário, ou celebrar um noivado. Foi nessa época que conheci o capitão do barco que mais tarde me ofereceu um trabalho “full-time”. No caso, eu moraria e trabalharia o tempo inteiro no iate, basicamente lavando, passando, servindo, administrando e entretendo os convidados.
Os donos são um casal de aposentados australianos – ele 76 e ela com 70 anos – que usam o iate como se fosse uma casa de praia uma a duas semanas por mês. Como eles amam dar festas temáticas, meu trabalho, além de todo o resto, é produzir eventos assim. Já fiz festa do branco, italiana, grega, o que dá para imaginar. Se existem crianças a bordo – os donos têm três netos – faço jogos, caça ao tesouro e brincadeiras mil com elas…, mas não sou necessariamente uma babá, só ajudo a cuidar e fazer a festa.
Fora tudo isso, o fato de estar em alto mar o tempo todo é demais. Ficamos na marina quando os proprietários não estão. Caso contrário, costumamos ancorar em alguma praia ou, às vezes, ficamos no meio do nada. Dessa forma, já conheci vários lugares diferentes. Comecei na Gold Coast, depois fomos para Nova Caledônia, um arquipélago da Oceania, onde ficamos por quatro meses. Dali, foram outros quatro meses em Vanuatu, um país da Melanésia. Após isso, mais seis meses pela Nova Zelândia e depois mais meio ano nas Ilhas Fiji. No total, estou há três anos nesse barco.
Tenho o direito a ter uma passagem de ida e volta para Brasil uma vez por ano, o que é demais. Fora as aventuras que passamos, a quantidade de golfinhos e baleias que vemos, além de toda a interação com a natureza e a possibilidade de ajudar tribos que muitas vezes são difíceis de acessar.
Fonte: UOL