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Lígia sonha em assumir governo em 2018, só falta combinar com Ricardo Coutinho - Por Nonato Guedes

Lígia sonha em assumir governo em 2018, só falta combinar com Ricardo Coutinho - Por Nonato Guedes

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O governador Ricardo Coutinho (PSB) teve lá seus motivos para dizer que iria ficar no mandato até o fim, descartando, desta forma, a hipótese de desincompatibilizar-se para poder disputar outro cargo político. Mas é o tipo da notícia que causa desconforto para outras pessoas ou lideranças políticas. Como o “clã” Feliciano, por exemplo. A atual vice-governadora, Lígia Feliciano, do PDT, tem a aspiração e a ambição natural de ascender ao cargo titular, complementando o mandato de Coutinho, não só para entrar na história como, também, para estar apta, já no comando da máquina, a tentar uma candidatura ao governo do Estado, que no seu caso equivaleria a uma reeleição.

Quem ocupa vice – seja em governos ou em outras esferas – cultiva essa expectativa de triunfar ou ascender. Em muitas situações, o posto já foi aceito de caso pensado, exatamente para ser uma espécie de trampolim capaz de favorecer voos mais altos na atividade política. Assim foi com José Maranhão, quando aceitou ser vice de Antônio Mariz na campanha de 1994. JM estava, dizem, com a reeleição de deputado federal ameaçada e vislumbrou no convite de Mariz uma saída estratégica para sobreviver na política, onde se entra pela insistência dos amigos e se permanece pela provocação dos adversários, no dizer do ex-governador Tarcísio Burity.

Deu-se, em relação a Maranhão, que os fatos conspiraram para que sua ascensão ao pódio do poder no Estado fosse mais rápida do que imaginava, ainda que em circunstâncias dolorosas para ele e para a Paraíba. Com a morte de Antônio Mariz, cujos problemas de saúde eram conhecidos, Maranhão investiu-se na titularidade em 1995. Estava fadado a encerrar aí o seu ciclo no poder local. Mas eis que adveio a proposta da reeleição – teoricamente para beneficiar o presidente Fernando Henrique Cardoso, mas com reflexos colaterais que beneficiariam gestores espalhados pelo país, uma vez que o alcance se estendia aos governos estaduais e governos municipais. Aboletado na cadeira do Palácio da Redenção, Maranhão vislumbrou 98 e se preparou para exercer o direito constitucional da reeleição (ainda que na prática fosse sua primeira eleição direta a governador).

Essa conspiração dos fatos desagradou em cheio ao “clã” Cunha Lima, liderado pelo poeta e ex-governador Ronaldo Cunha Lima, que já havia traçado o roteiro para a subida do filho Cássio ao pódio que ele ocupara em 1991. A orquestração pró-Cássio 98 esbarrou na resistência de Maranhão, que somou o controle da máquina administrativa ao controle da máquina partidária. Chegou a ser desafiado em convenções dentro do PMDB pelos Cunha Lima – venceu todas as paradas. O “clã” de Ronaldo, impossibilitado de deixar o PMDB diante dos prazos legais para registro de candidaturas, “inflou” artificialmente uma candidatura do ex-deputado Gilvan Freire pelo PSB para fazer face a Maranhão. Gilvan era o adversário que Maranhão queria. E a entrada de Freire no páreo, com o desfecho de uma derrota acachapante e previsível nas urnas, acabou contribuindo indiretamente para legitimar a reeleição de Maranhão e deixar os Cunha Lima comendo ostra por algum tempo – ou seja, mantidos no ostracismo relativo no que se referia à influência no poder maior, o governo do Estado.

Essa historinha foi narrada aqui apenas por efeito de analogia para situar que é natural e legítimo o desejo dos Feliciano de assumir o governo com uma desincompatibilização de Ricardo Coutinho. A partir disso, apostarão nos fados da política, que podem beneficiar a doutora Lígia com uma prorrogação – por quê não? Essa tese de prorrogação para coincidência geral de eleições e mandatos é surrada na crônica política do país, mas de vez em quando surte efeito. Foi numa dessas ocasiões que Ronaldo Cunha Lima ganhou mais dois anos de mandato de bandeja em Campina Grande quando era prefeito. Eleito em 82, ficou até o ano de 88 na prefeitura e em 90 arriscou, com êxito, o governo do Estado. A doutora Lígia e seu marido, o doutor Damião, médico do coração e deputado federal pelo PDT, não estão teorizando no abstrato ou sonhando o impossível quando aspiram ao que aspiram.

O problema vai ser “combinar” direitinho com Ricardo Coutinho. Isto passa por uma engenhosa e delicada operação de persuasão ou convecimento para que Coutinho se tome de amores ou empolgação pela hipótese de concorrer a um mandato federal em Brasília – de preferência o de senador, mas podendo ser também o de deputado federal. Ou, quem sabe, a presidência da República, como foi aventado em primeira mão pelos “Guedes”? Dizia Magalhães Pinto, raposa política das Alterosas (Minas Gerais): “Política é como nuvem. A gente olha, está de um jeito. Olha novamente, está de outro jeito’. Pois é!

 

Fonte: Os Guedes
Créditos: Por Nonato Guedes