Política

Collor pagou carros de luxo com dinheiro de propina, aponta PF

Laudo da Polícia Federal compreende o período de janeiro de 2011 à abril de 2014, no qual o ex-presidente recebeu R$ 12,4 milhões

Collor pagou carros de luxo com dinheiro de propina, aponta PF

imageOs carros de luxo do senador Fernando Collor (PTB-AL) foram comprados com dinheiro proveniente de propina, possivelmente repassada pelo doleiro Alberto Youssef, é o que aponta o laudo da Polícia Federal ao qual a Folha de S. Paulo teve acesso.

O laudo faz parte do processo contra o ex-presidente que está no STF (Supremo Tribunal Federal). Fernando Collor é acusado de ter recebido R$ 26 milhões em suborno em cinco anos em negócios relacionados à BR Distribuidora.

Segundo a reportagem da Folha, foram pagos R$ 6,2 milhões pelos quatro carros citados no laudo . Entre os automóveis estão: uma Lamborghini Aventador (R$ 3,2 milhões), uma Ferrari 458 (R$ 1,45 milhão), um Bentley Flying (R$ 975 mil) e um jipe Range Rover (R$ 570 mil).

Após quebra de sigilo e análise de 119 mil operações bancárias em 11 contas de Fernando Collor, sua esposa e de empresas dele, a PF acredita que os carros foram pagos parcialmente com recursos de suborno.

O principal indício é a forma como Collor ou suas empresas tiveram acesso ao dinheiro. Os montantes foram depositados em dinheiro vivo, mas fracionados em baixos valores para evitar que os órgãos do governo identificassem irregularidades. Como refere a publicação, o fracionamento e a repetição dos valores indicam que houve lavagem de dinheiro.

Ou seja, foram identificados pela PF cerca de 469 depósitos de R$ 2 mil nas contas controladas por Collor, aponta o laudo, totalizando R$ 938 mil. Por exemplo, no dia 16 de agosto de 2011, foram realizados 35 depósitos de R$ 2 mil. Além disso, também entratram 46 depósitos de R$ 1.500. O lauda refere que todos os depósitos foram realizados em um caixa eletrônico de uma agência do banco Itaú em Brasília, a mesma que aparece nos comprovantes apreendidos com Alberto Youssef.

Delação

A Folha recorda que, em seu acordo de delação, o doleiro Alberto Youssef disse que os depósitos em espécie na conta do jornal “Gazeta de Alagoas”, da família do senador, “eram destinados a Fernando Collor” e foram ordenados pelo empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, que é investigado junto com o ex-presidente. Youssef contou que fez repasses a Collor.

O laudo diz ainda que depósitos em espécie na conta da TV Gazeta, que pertence à família do senador, foram destinados a Collor e usados no pagamento dos carros.

Segundo a PF, os recursos foram utilizados parcialmente na compra dos automóveis: “Os pagamentos dos veículos podem ser inequivocadamente associados aos depósitos em espécie”, afirma o documento, assinado por três peritos do Instituto Nacional de Criminalística.

O laudo da PF compreende o período de janeiro de 2011 à abril de 2014, no qual o ex-presidente recebeu R$ 12,4 milhões.

Como refere a reportagem, Fernando Collor chegou a ser ironizado por policiais e procuradores da Operação Lava Jato. Isso porque ele é o único, até agora, que recebeu pagamentos de Youssef em sua própria conta corrente e na da “Gazeta de Alagoas” no montante de R$ 67 mil.

Defesa

O senador Fernando Collor (PTB-AL) alega que nunca “manteve qualquer relacionamento com o delator Alberto Youssef, conforme reconhecido pelo próprio doleiro na miríade de suas delações”. Segundo o ex-presidente, como nunca tiveram negócios, não havia razões para Youssef fazer depósitos em sua conta.

A reportagem ainda cita que Collor, por meio de sua assessoria, diz que “não tem qualquer responsabilidade sobre o modo utilizado por terceiras pessoas para o depósito de valores em sua conta corrente”.

Ele também afirma que não participa da gestão nem do cotidiano da TV Gazeta e “Gazeta de Alagoas”. “Se terceiros se utilizaram desse expediente para honrar compromissos com o senador ou com as empresas TV Gazeta e ´Gazeta de Alagoas´, isso jamais foi de seu conhecimento”, diz o texto.

O ex-presidente destaca também que está perplexo com “o vazamento sistemático de informações e manipulações”, feitas para constrangê-lo, ” mesmo antes de apresentadas as razões da defesa em sua inteireza”.

Notícia de Um Minuto