Política

“Não se sacrifica o rumo de uma nação por causa de uma eleição”, diz Marina Silva

“Não se sacrifica o rumo de uma nação por causa de uma eleição”, diz Marina Silva

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Por Anna Tiago, repórter do Blog jamildo

Em passagem pelo Recife para participar do debate realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) na noite desta quarta-feira (28), a ex-senadora Marina Silva teceu duras críticas ao governo atual. “Temos que fazer política de longo prazo no nosso curto prazo político em vez de política de curto prazo para alongar os prazos dos políticos. Não se sacrifica o rumo de uma nação por causa de uma eleição”, disparou para uma plateia formada, em sua maioria, por empresários pernambucanos.

Durante a palestra, Marina acusou o governo de não ter feito o “dever de casa” em 2008 para evitar a crise. “Nós elegemos uma pessoa que não apresentou um programa de governo. Com Eduardo [Campos], nós apresentamos um plano e pagamos um preço altíssimo porque nós dizíamos que as coisas vão cair e medidas duras terão que ser tomadas, mas, às vezes, as pessoas não querem ouvir a verdade dos problemas”, disparou.

Para ela, a solução da crise pela qual passa o País seria o que chama de “ajuste Brasil”. “A gente joga tudo para a reforma política, tributária, para tudo, mas tem uma reforma que é fundamental: a mudança de posturas. A gente precisa de uma nova governabilidade, unir o Brasil em torno de uma agenda estratégica”, ressaltou.

A ex-senadora sinalizou que a Rede Sustentabilidade, partido que lidera, deve seguir um caminho desvinculado da direita ou esquerda política. “A rede não entra nesse debate da dicotomia esquerda/direita, oposição/situação. Nós temos um posicionamento na defesa do desenvolvimento sustentável, nós nos reconhecemos como sustentabilistas progressistas e obviamente temos respeito pelos legados. Precisamos sair da polarização e produzir novas sínteses”, afirmou.

Ela também comentou a pesquisa do Ibope em que aparece com altas taxas de rejeição caso seja candidata à presidência em 2018. “Acho que é o momento que a sociedade está vivendo e há um grande descrédito na política. Infelizmente, a maior parte dos partidos não discutem ideias, não discutem propostas e a sociedade ainda vai fazer seu discernimento, quais são aqueles que estão comprometidos com seu programa e aqueles que estão comprometidos apenas com projetos de poder pelo poder”, alfinetou.

IMPEACHMENT E CUNHA

Sobre o pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff, Marina Silva afirmou que não se fabrica um impeachment. “Esse não é um momento de se instrumentalizar a crise. Eu olho para a crise e vejo o que é mais vantajoso apra mim. Se me der mais popularidade dizer impeachment já´, então é isso que vou dizer. O impeachment não se fabrica, ele se explicita com as investigações. Não posso ficar maquinando pra fabricar um impeachment, porque aqui não é uma republiqueta, que cai um presidente a cada semana”, constatou.

Já em relação ao pedido de afastamento do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ela afirmou que a Rede não vai participar de “pacto de impunidade”. “A nossa posição foi muito clara: nós encaminhamos para o Conselho de Ética o pedido de cassar o seu mandato se todas essas denúncias não forem refutadas à altura que deveriam ser. Tanto a  oposição como o governo tem que trabalhar para apreciar o encaminhamento que foi feito pela Rede e pelo PSOL, coisa que até agora não foi feita. Nós não vamos participar de nenhum pacto de impunidade nem para proteger membros do congresso ou do executivo ou quem quer que seja”, salientou.