As mais mais da semana - Rubens Nóbrega

Sincera ou descaradamente lhes confesso: vou ganhar no mole essa de hoje, porque vou me aproveitar da criação e produção alheias. Mas o faço em respeito aos próprios leitores, juro.
Por razões de foro íntimo e desgaste físico de um dia muito intenso e atribulado que foi essa sexta, não conseguiria oferecer leitura de qualidade neste sábado sem os autores das frases e escritos que selecionei e transcrevo nos tópicos a seguir.

Aluguel de ambulâncias
– Fica claro que o dinheiro empregado neste contrato poderia ser bem melhor empregado com a compra dos equipamentos que beneficiariam permanentemente a população. Além do mais, este tipo de contrato fragiliza a prestação de serviços principalmente pelo fato de ser temporário.
Assim falou ontem o deputado Luciano Cartaxo (PT), sobre o aluguel de 32 ambulâncias pelo Governo do Estado a uma empresa do Ceará por uma quantia (mais de R$ 5 milhões em menos de seis meses) que dariam para comprar, no mínimo, 40 ambulâncias super equipadas.

Tudo como d’antes no HT
– O promotor da Saúde de João Pessoa, João Geraldo Carneiro Barbosa, fez uma inspeção na tarde desta quinta-feira (25) no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena e constatou que o problema de superlotação permanece. Existiam 183 pacientes internados, quando o Sistema Único de Saúde disponibiliza 148 leitos. Os 35 pacientes excedentes estão internos em macas distribuídos em enfermarias.
Esse é o parágrafo inicial de matéria distribuída anteontem pela Assessoria de Imprensa do Ministério Público da Paraíba sob o título “Promotoria da Saúde inspeciona Hospital de Trauma e constata que ainda há    superlotação”.
E segue a cruz dos serviços públicos de saúde sob responsabilidade do Estado tercerizados para (maior) lucro e júbilo de interesses privados.

Permuta é uma coisa…
– O valor médio do metro quadrado de terrenos no Geisel gira em torno de R$ 110. Já o valor médio de terrenos em Mangabeira gira em torno de R$ 620, o metro quadrado. Mas a Suplan avaliou justamente ao contrário. O metro quadrado do terreno de Mangabeira valeria R$ 152 e o do Geisel R$ 283. Isto foi de encontro ao praticado no mercado imobiliário. Quem acredita que um terreno em mangabeira vale menos que no Geisel? Foi ótimo para o empresário, que agora terá que desembolsar apenas R$ 4,2 milhões para ser proprietário de um terreno que vale no mercado no mínimo R$30 milhões. Como é o nome disto? Negociata.

Do deputado Anísio Maia (PT), em nota à imprensa distribuída na quarta-feira (24), dia da aprovação pela Assembleia do troca-troca de terrenos proposto pelo governador Ricardo Santiago, digo, Ricardo Coutinho, em benefício do empresário Roberto Santiago.

Flávio Lúcio e as permutas
– A aprovação da permuta de terrenos encerra um capítulo que resume, com primoroso didatismo, o que foi o governo de Ricardo Coutinho até agora. Sem muito a oferecer em termos de novidades políticas e administrativas, que dê ao eleitor pelo menos indícios de que as grandes mudanças prometidas estão em curso, Coutinho fez aprovar um projeto cujo teor produziu uma prolongada polêmica em vários campos, especialmente no jurídico e no da moralidade pública.
Eis a abertura de primorosa e imperdível análise do Professor Flávio Lúcio Vieira, intitulada “Sobre permutas de terrenos e outras permutais mais”, disponível deste ontem no Ponto Crítico (pontocriticopb.com.br).

Gilvan bota pra quebrar (2)
– A devassa fiscal na empresa São Braz, que é a jóia mais estimada da coleção de ouro de Zé Carlos da Silva Júnior, um homem imune a denúncias de que tenha crescido derrubando a cerca de vizinhos ou pilhando o patrimônio alheio, é parte da estratégia do atual governo de render pela chantagem a quem considere adversário ou ouse contestar a administração. Ou, pelo menos, atreva-se a noticiar os erros e desacertos do próprio gestor público empavonado com o poder temporário que está sendo corroído pela voracidade do tempo e pelo mau uso.
Do analista político Gilvan Freire, em artigo no qual constata, a partir do título, que “Todos terão de ajoelhar-se diante de Ricardo Coutinho”. Menos o próprio articulista e uns poucos mais que resistem aos absurdos e abusos que estão acontecendo na Paraíba sob o reinado do Ricardo I.

Com cópias para o MP?
– Comentário da coluna de nosso Hermes Luna nos conduz a uma ilação que, acredito, também, se aplicaria às muitas e pertinentes indagações que você tem feito a S. Majestade, notadamente no campo da saúde pública, que é: e o Ministério Público, como guardião do Estado e de sua moralidade, não deveria estar alerta para essas muitas dúvidas? Daí, sugiro que das cópias das muitas mensagens que você tem remetido a S. Majestade uma seja encaminhada àquele órgão.
Contribuição do Professor Menezes, dileto colaborador da coluna. Faz sentido, Amado Mestre, faz muito sentido a sua sugestão. Vou cuidar.

E a OAB-PB se manifestou…
– Historicamente, a OAB sempre se posicionou ao lado das liberdades, repelindo quaisquer atos restritivos aos direitos fundamentais da sociedade brasileira, inclusive o direito à informação.
Trecho da parcimoniosa nota da OAB-PB, divulgada ontem, sobre ameaças à liberdade de expressão na imprensa paraibana, sem menção explícita aos processos que o governador do Estado move contra jornalistas que criticam Sua Majestade.