E se matar por amor? – Por Tião Lucena
Sinceramente,estou pasmo, sem fala, tonto e sem prumo. Meu Deus do céu,quer dizer que minha neta, a minha linda meta de apenas 13 anos, não vai poder dizer não a um pretendente, porque se o fizer vai ser acusada de ter se deixado matar por amor!?
Pois esta é a visão da presidente da Fundac,a aguerrida Sandra Marrocos. Ela disse, e não foi a um ou dois malucos belezas da paróquia, mas a uma multidão que escuta rádio, que o matador da estudante de Mandacaru não é um assassino, mas um menino assustado que matou por amor.
Quem viu o vídeo do crime – e eu vi – pensa diferente de doutora Sandra. O menino assustado descrito por ela nas ondas do rádio aparece como um assassino frio, que dispara vários tiros numa jovem indefesa e depois sai caminhando tranquilamente, como se nada tivesse feito. Ainda mais: para saber se tinha acertado os tiros, volta à cena do crime e depois de olhar, se dirige à portaria do colégio, mostra o revólver ao porteiro, este abre a porta e o “menino” desanda a correr.
Diga-se ainda que o menino de doutora Sandra tem ficha suja, já praticou outros crimes. Por isso a menina morta não o quis mais.Ela era evangélica e não aceitava conviver com marginal. E o marginal, agora transformado em menino indefesa,carecedor da assistência psicológica do Estado, a matou friamente, porque não aceitava o desaforo de levar um fora.
O cabra é tão frio e calculista que no dia do crime usava cabelo loiro, porém no dia em que foi preso estava com a cabeça pintada de preto.E olhem só o detalhe: foi preso no interior do escritório de um advogado, a quem procurou, com a ajuda dos pais,para limpar sua barra. Até aquela hora não demonstrava remorso. O remorso veio depois, mas um remorso de mentirinha para sensibilizar gente do coração fraco como Sandra Marrocos.
Pois, aguerrida presidente da Fundac, eu rezo para uma coisa dessas não acontecer com a minha neta. Porque se acontecer, que Deus me livre,o rapaz “bonzinho” e “amedrontado” vai receber ajuda psicológica no inferno.