Na Rota da Justiça

PCC lavou mais de R$ 450 milhões em rede de motéis com nomes de laranjas, aponta Operação Spare

Segundo a RF e o MPF, o PCC camuflava o dinheiro ilegal em negócios aparentemente normais, como motéis e restaurantes, para que parecesse lucro legítimo.

Divulgação/Receita Federal
Divulgação/Receita Federal

A Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) descobriram que o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria movimentado mais de R$ 450 milhões em um esquema de lavagem de dinheiro que utilizava cerca de 60 motéis registrados em nomes de laranjas.

A investigação, batizada de Operação Spare, foi deflagrada nesta quinta-feira (25) e também mira negócios da facção nos ramos de combustíveis e jogos de azar.

Segundo a Receita, os motéis eram usados para justificar ganhos elevados e distribuíram R$ 45 milhões em lucros e dividendos entre 2020 e 2024. Um dos estabelecimentos chegou a declarar distribuição equivalente a 64% da própria receita bruta, um indício de fraude.

Gráfico da Receita Federal mostram como o empresário Flávio Silvério Siqueira lavava dinheiro de combustíveis adulterados em motéis e empreendimentos imobiliários em SP. — Foto: Divulgação/Receita Federal

Além dos motéis, restaurantes dentro desses estabelecimentos — com CNPJs próprios — também integravam o esquema. Em um caso, a empresa declarou receita de R$ 6,8 milhões em dois anos e distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros.

Os investigadores ainda identificaram operações imobiliárias suspeitas. Um dos CNPJs ligados à rede adquiriu um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021, enquanto outro comprou um bem de R$ 5 milhões em 2023.

O esquema do PCC não se restringia aos motéis: a facção também atuava em lojas de franquias e até em empreendimentos da construção civil, ampliando as formas de disfarçar o dinheiro do crime organizado.