Ontem, domingo, em mais de dez capitais, multidões se reuniram para protestar contra a PEC da blindagem e a Lei da Anistia, ambas em tramitação na Câmara dos Deputados. Já se sabe que, no Senado, as duas serão rejeitadas.
Fazia tempo que não se via mobilização suprapartidária tão significativa. Não foi a esquerda nem o PT que puxaram o bloco: havia gente de todos os credos, de todas as cores e crenças. A indignação foi o amálgama que uniu a todos.
Foi bom de ver. Enquanto os movimentos da direita orbitam em torno de uma pessoa, o levante de ontem se ergueu contra valores. E não foi a presença de artistas consagrados que assegurou o expressivo quórum; estes apenas ajudaram a ecoar mais longe a voz da inconformidade.
Dos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro (agora líder do PL) muito provavelmente tentou sabotar as manifestações, mas não conseguiu. Tentou junto a seu amigo de infância, Donald Trump, majorar as já pesadas taxas que incidem sobre nossas exportações, das quais ele se orgulha, nem, tampouco, tentou aplicar a Lei Magnitsky contra os insurgentes. Fragorosamente derrotado, Eduardo continuará protagonizando um dos maiores vexames da política brasileira. Seus planos melancolicamente naufragaram.
Seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi condenado a 27 anos de prisão. Já Eduardo, o filho, cumprirá pena de prisão perpétua ( seu crime é imprescritível), sentença que ele mesmo se impôs, tornando-se seu próprio algoz e seu impiedoso e cruel carrasco.