Opinião

Efraim, Pedro e Ruy Juntos. Cícero, um mero coadjuvante? - Por Gildo Araújo

Efraim, Pedro e Ruy Juntos. Cícero, um mero coadjuvante? - Por Gildo Araújo

As oposições da Paraíba deram uma demonstração de que marcham unidas com o grupo que vem lutando para a retomada do poder. Neste último sábado (20), quando se encontraram o pré-candidato ao governo, senador Efraim Filho (UB), Pedro Cunha Lima (PSD), que foi candidato ao governo em 2022, e o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos), no Bar do Felipe em João Pessoa, direta ou indiretamente trouxeram novidades no xadrez político para o próximo ano.

Esse encontro pode ser avaliado de vários ângulos. O primeiro é que a conversa do senador Efraim Filho com o ex-senador Cássio Cunha Lima em Brasília e com Bruno Cunha Lima, na semana passada, surtiu efeito, e a prova está na presença de Pedro Cunha Lima. Mesmo sendo em um restaurante, o que mais importa neste momento de especulações são os sinais demonstrados pelos principais protagonistas da oposição na Paraíba.

A presença do deputado Ruy Carneiro é outro ponto interessante do ponto de vista estratégico para uma maior investida na capital. Além de montar uma estratégia mais consistente, elimina de vez a possibilidade de uma aproximação de Ruy com o grupo governista e, ao mesmo tempo, provoca um distanciamento dos verdadeiros oposicionistas em relação ao prefeito Cícero Lucena (PP), que deve chegar à Paraíba nesta semana que se inicia.

Aliás, todas essas articulações dentro das oposições já eram previstas, e, dentro dessa perspectiva, observa-se que desejam a participação do prefeito de João Pessoa na disputa, mas como mero coadjuvante, e não como parte principal, a ponto de querer vê-lo eleito.

E ainda dentro desse cenário, fica claro, por exemplo, a exímia articulação feita pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), quando esteve com o presidente Lula. Na conversa, pelo que se comenta, tentou articular o nome de uma possível candidatura de Cícero Lucena no MDB com o apoio do PT na Paraíba e do presidente Lula.

O que se observou, no entanto, é que o presidente da República não quis fazer nenhuma especulação a esse respeito, tendo em vista que ele, Lula PT), já conta com um grande cabo eleitoral na Paraíba: o governador João Azevedo (PSB) que, por conseguinte, está levando os Ribeiros a apoiarem a reeleição de Lula no próximo ano.

Todas essas tratativas dão margem para se concluir que a oposição pode estar blefando no apoio a Cícero Lucena. Aos ouvidos de quem analisa política, soa como se estivessem apenas querendo “usar” o staff do prefeito pessoense para atender a seus próprios interesses, e não em apoiá-lo de forma concreta.

Daí o porquê do senador Efraim Filho ter projetado três candidaturas das oposições: já tem a provável convicção de que a eleição ficará polarizada entre os verdadeiros oposicionistas e os situacionistas, leia-se Lucas Ribeiro (PP), João Azevedo (PSB), e Nabor Wanderley (Republicanos), deixando Cícero apenas como mero participante do certame.

Nas entrelinhas, fica evidente que estão simplesmente criando querelas políticas dentro do grupo governista, “instigando” Cícero Lucena para o “cheiro do queijo” e, só no segundo turno, fazerem o convite para que o “Caboclinho” apoie o candidato oposicionista contra o candidato governista.

A verdade é que, com Cícero Lucena fora da Prefeitura, a conjuntura política será totalmente diferente, só não vê quem não quer. Enfrentar uma candidatura com a estrutura do governo, que tem uma máquina enxuta, apoio de vários deputados federais, estaduais e quase cem prefeitos do interior, além de enfrentar o grupo de oposição mais estruturado (senador Efraim Filho com a Prefeitura de Campina Grande, o PL de Bolsonaro, forte na capital e na Grande João Pessoa, e ainda deputados de direita e centro-direita como Ruy Carneiro, Romero Rodrigues (Podemos!), Cabo Gilberto Silva (PL), e quase uma dezena de estaduais), apostando apenas em pesquisas momentâneas, fica nítido que a candidatura de Cícero corre sério risco de repetir o vexame vivido pelo senador Veneziano Vital na eleição passada.

Diante disso, é mais do que notável que quem mais vai perder será o próprio prefeito da capital, que terá um grande desgaste com o atual governo, o que, aliás, já começou, além de perder a força da “caneta” ao deixar a Prefeitura, entregando o cargo ao jovem vice-prefeito Léo Bezerra (PSB). Isso sem falar nos problemas internos do próprio clã em relação ao Poder Judiciário, que poderão ter desdobramentos e respingar em uma futura candidatura.

Com sua chegada da Europa, talvez fosse mais sensato para o gestor pessoense um momento de reflexão, para rever suas investidas e ponderar suas decisões. Afinal, ninguém mais do que o próprio Cícero sabe quantas adversidades já enfrentou por conta da política.

A chegada do prefeito é aguardada com grande expectativa: resta saber como conduzirá sua pré-candidatura ao governo do estado. Cícero carrega consigo a sapiência de poucos e a maturidade suficiente para vislumbrar seu destino.

Por fim, vamos assistir ao desdobramento da volta do “Caboclinho”, que poderá surpreender a Paraíba nas eleições de 2026.

Quem viver, verá.

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba