A cada dia que passa, observa-se nitidamente que os partidos e seus principais protagonistas já começam a demonstrar para onde estão trilhando seus caminhos, uns mais tortuosos, outros mais insinuantes.
No campo específico das oposições, é fatídico o posicionamento do senador Efraim Filho (UB), que já se apresenta como candidato pelas oposições do lado mais radical da direita, embora tente se mostrar mais de centro.
Em relação ao grupo situacionista, é público e notório que o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) já recebeu o aval do governador João Azevedo (PSB) e de seu grupo político para ser o candidato natural.
Recentemente, começou a surgir a candidatura mais ao centro, a do prefeito da capital, Cícero Lucena (PP), que, de forma precoce, em menos de oito meses da atual gestão, já anunciou que deixará o cargo para disputar a eleição de governador no próximo ano. Corre ainda por fora a pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Adriano Galdino (Republicanos).
Nesse imbróglio político, nota-se que, entre as oposições, o senador Efraim Filho foi totalmente acolhido pelo grupo bolsonarista. A prova é o seu crescimento nas últimas pesquisas, o que não acontece com Pedro Cunha Lima (PSD), que, mesmo tendo uma aceitação popular considerável, parece ter “jogado a toalha” diante da possível chegada de Cícero Lucena ao grupo comandado pelo senador Veneziano Vital (MDB) e pelo ex-senador Cássio Cunha Lima, que ainda administra ações políticas mesmo à distância da Paraíba.
Mas o que vem chamando mais atenção na política paraibana nos últimos dias é o posicionamento do clã Bezerra, leia-se: o deputado Hervázio Bezerra (PSB), o vereador Odon Bezerra (PSB) e, principalmente, Léo Bezerra (PSB), vice-prefeito de João Pessoa. A expectativa de poder do grupo aumentou consideravelmente depois do anúncio da saída de Cícero Lucena do cargo em abril do próximo ano.
No último sábado (13), durante a posse da deputada Cida Ramos (PT) como presidente do partido na Paraíba, o vice-prefeito Léo Bezerra, que até então aparentava certo equilíbrio em relação ao seu posicionamento político por ser do PSB do governador João Azevedo, encerrou qualquer perspectiva de apoio à pré-candidatura de Lucas Ribeiro (PP). Em seu discurso, olhando diretamente para João Azevedo, que estava ao lado de Lucas, Léo foi taxativo: “Onde o senhor estiver, terá Léo Bezerra ao seu lado”.
Isso significa dizer que sua lealdade é exclusivamente ao governador e à sua pré-candidatura ao Senado Federal, além de ao prefeito Cícero Lucena em qualquer circunstância.
A pergunta que não quer calar é: como fica, a partir de agora, o relacionamento dos Ribeiros com os Bezerras? Haverá retaliações por parte do governo estadual diante dessa postura? Vão deixar para demitir os ocupantes de cargos e futuros adversários políticos apenas no meio do ano que vem, quando já não interessará mais a ninguém?
Até agora, o que se sabe é que os aliados dos Ribeiros já foram rifados pela gestão de Cícero Lucena, com assinaturas de exoneração feitas pelo próprio Léo Bezerra. Mesmo que tenham alegado “a pedidos”, trata-se de uma simples desculpa rotineira usada na política.
A verdade é que essa fala do vice-prefeito foi, indubitavelmente, um divisor de águas entre os Bezerras e os Ribeiros, cujas consequências certamente virão. Porém, nada que abale as pretensões do governo, que segue firme em seu propósito de viabilizar as eleições de seus pré-candidatos: Lucas Ribeiro para o governo, João Azevêdo e Nabor Wanderley para o Senado.
Aliás, um levantamento divulgado pelo portal Polêmica Paraíba neste domingo, que consultou os 223 prefeitos do estado, já indica a preferência de 96 prefeitos por Lucas Ribeiro (45%); 15 gestores paraibanos por Efraim Filho (6,2%); Cícero Lucena (1,55%); e Adriano Galdino (1,5%). Esse levantamento pode repetir a situação da eleição anterior, mostrando a força da “máquina” nos municípios do interior, com prefeitos e deputados da base atuando de forma decisiva.
Mesmo com a saída de Cícero Lucena, o grupo comandado por João Azevêdo, Aguinaldo Ribeiro e Hugo Motta segue muito fortalecido, especialmente nas bases interioranas, mas também na capital e em Campina Grande, regiões que receberam muitas ações do governo da Paraíba nos últimos quatro anos, o que pode refletir nas eleições. E isso independentemente do apoio de prefeitos, já que uma parcela significativa do eleitorado hoje vota de forma mais “independente”.
Ainda assim, mesmo com a ampla aceitação junto à maioria dos prefeitos, não se descarta uma “limpeza geral” no governo, retirando aqueles que insistem em permanecer mesmo sabendo que não ficarão. Talvez seja a hora de chamar o feito à ordeme decidir: fica ou sai.
Diante desse cenário, é certo que as eleições do próximo ano serão uma das mais disputadas da história política da Paraíba. Mas, mesmo com todas as estratégias da oposição, o grupo do governador João Azevêdo segue favorito para vencer, pois além de contar com a união de partidos como PSB, PP, PT, Republicanos, entre outros, ainda tem em Lula um referencial de votos decisivo no Nordeste e especialmente na Paraíba, fator crucial junto ao eleitorado mais humilde, que acompanha o presidente em qualquer circunstância.
E, como diz o ditado popular: “Oposição dividida, vitória da situação”. Mantida essa performance, o pré-candidato ao governo Lucas Ribeiro tem todas as chances de triunfar nas eleições de 2026.
Quem viver, verá!
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba