Paraíba - O Navio-Veleiro Cisne Branco vai estar aberto à visitação pública neste domingo, 14, das 10 às 17 horas, no porto de Cabedelo. O navio de bandeira da Marinha do Brasil, conhecido como “Embaixada Brasileira no Mar”, representa o país em eventos náuticos e cumpre funções diplomáticas, de relações públicas e de formação de pessoal naval. Construído na Holanda e entregue à Marinha em 2000, ele é um veleiro de mastro completo, com 76 metros de comprimento, que divulga a importância do mar para o desenvolvimento do Brasil e preserva as tradições navais.
Com 10,5 metros de largura e um calado de 4,8 metros, o veleiro tem propulsão combinada de um conjunto de 25 velas e um motor diesel de 1001 HP. Quando em plena navegação, pode atingir até 32 quilômetros por hora. O navio conta com três mastros e possui 18 km de cabos (cordas) e é equipado com modernos sistemas de navegação, como o radar Sperry Marine FT-250, garantindo segurança e precisão em suas viagens. A tripulação fixa é composta por 52 militares.
Apesar de sua aparência compacta, o Navio-Veleiro guarda em seu interior um ambiente requintado, repleto de elementos históricos e cuidadosamente projetado para garantir o conforto da tripulação durante longas jornadas. O design interior é inspirado em veleiros velozes do final do século XIX, antes da popularização das embarcações a vapor. A classe “Clipper”, à qual pertence, era uma das últimas utilizadas para as rotas mercantes da época.
Entre os elementos de destaque, estão os candelabros do século XIX, adaptados para acompanhar o balanço do navio e evitar que o óleo fosse derramado. Já os lustres, em tempos passados, eram preenchidos com óleo de baleia e iluminavam o espaço com fogo durante as viagens.
Outro destaque é o vitral central, que retrata a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Esse vitral não fazia parte do projeto original do navio e foi um presente do estaleiro à Marinha do Brasil. A ideia era proporcionar aos tripulantes um laço simbólico com sua terra natal, reforçando o sentimento de pertencimento durante as missões.
Ao entrar em um dos principais espaços do veleiro, é possível ver a imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança. Considerada uma das padroeiras dos navegantes, ela ocupa um local especial no “Cisne Branco”, carinhosamente chamado de “lobby da Santa”. A imagem é uma réplica da mesma que acompanhava Pedro Álvares Cabral na caravela que trouxe os portugueses ao Brasil.
Entre as diversas curiosidades que cercam o “Cisne Branco”, uma das mais intrigantes é a tradição do “lobby da moeda”. Durante sua construção, uma moeda foi colocada na base do mastro principal, que possui 46 metros de altura, equivalente a um prédio de 15 andares. Essa tradição remonta à mitologia grega, segundo a qual moedas eram colocadas junto aos falecidos para pagar ao barqueiro Caronte, responsável por atravessar as almas para o mundo dos mortos. Seguindo essa crença, a Marinha enviou um ofício ao estaleiro na Holanda solicitando que o costume fosse mantido. Assim, uma moeda de 1936 foi assentada na base do mastro, garantindo, simbolicamente, proteção aos marinheiros. A moeda, que circulou no Brasil na década de 1930, valia 100 réis e traz a imagem do Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha.
A vida a bordo: pelos olhos de quem serve
Quem já serviu no navio costuma dizer que “viver a bordo do ‘Cisne Branco’ é uma experiência única”. O Encarregado da Segunda Divisão, Capitão-Tenente Willian Ferro de Oliveira Melo, descreve o navio como “um símbolo de tradição, excelência e representação nacional”. Para ele, o veleiro é um verdadeiro elo entre o passado e o presente da Marinha do Brasil.
Além do treinamento rigoroso e da rotina disciplinada, os tripulantes se deparam com desafios únicos da navegação híbrida. “A combinação de velas e motor permite uma navegação mais segura e eficiente. O motor auxilia em momentos de necessidade, como manobras rápidas e ausência de vento, garantindo que possamos cumprir nossas missões com precisão”, explica o Oficial.
O Mestre do navio, Primeiro-Sargento Renato Alves Reis Junior, ressalta que a vida no “Cisne Branco” ensina muito sobre o trabalho em equipe. “A bordo, cada membro da tripulação tem seu papel fundamental, e isso é imprescindível”, disse.
Para o Comandante do navio, Capitão de Mar e Guerra Eduardo Rabha Tozzini, liderar o “Cisne Branco” é motivo de grande orgulho. “É uma grande honra comandar este navio”, afirma. Ele também destaca a beleza singular do veleiro. “É considerado o navio mais bonito da Marinha.”
Em 2025
No ano em que completa 25 anos, o “Cisne Branco” já passou por Angra dos Reis, Ilhabela Vela, Itajaí, Rio Grande, Porto Alegre (RS), Paranaguá (PR) e Santos (SP), Vitória (ES) e Maceió (AL). Agora chegou a vez de Cabedelo (PB), Natal (RN) e Recife (PE), tendo como ponto alto a participação na “36ª Regata Internacional Recife-Fernando de Noronha”. O Navio-Veleiro “Cisne Branco” encerrará a Comissão “Brasil 2025”, na Baía de Guanabara, participando da “80ª Regata Escola Naval”, no dia 12 de outubro.
Fonte: Agência Marinha de Notícias