O Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, também traz à tona discussões sobre saúde mental e o impacto da tecnologia na vida de crianças, adolescentes e adultos. Em uma entrevista, a psicóloga clínica Karla Azevêdo detalhou os efeitos do uso intenso de redes sociais e dispositivos digitais, além de estratégias para equilibrar a vida online e offline.
Segundo Karla, o impacto das redes sociais depende, portanto, da forma como são utilizadas. Nesse sentido, para crianças e adolescentes, o uso excessivo pode gerar ansiedade, dificuldade para dormir, queda no rendimento escolar e comparações constantes com os outros. Além disso, estudos da American Academy of Pediatrics e da APA (2022) mostram que o tempo excessivo de tela interfere no desenvolvimento socioemocional e na regulação emocional.
Entre adultos, os efeitos incluem cansaço mental, dificuldade de se desligar do trabalho, sensação de estar sempre correndo atrás do tempo, sobrecarga cognitiva e risco de burnout digital. “O problema não é a tecnologia em si, mas o excesso e a forma como nos relacionamos com ela”, explica Karla, ressaltando que o uso equilibrado pode favorecer acesso à informação, contato com amigos, apoio social e expressão criativa.
A especialista, além disso, alerta para sinais que podem indicar prejuízos à saúde mental devido à pressão digital. Entre eles estão a troca total das interações presenciais pelas digitais, irritabilidade quando desconectado e perda de interesse por atividades. Também podem aparecer alterações no sono ou humor, fadiga, baixa autoestima e sintomas depressivos. Por isso, ela recomenda que familiares e amigos observem as mudanças, acolham sem julgamento e incentivem ajuda profissional quando necessário.
Estratégias para manter o equilíbrio digital
Para manter o equilíbrio digital, Karla sugere algumas estratégias práticas:
- Estabelecer limites para o tempo de tela, utilizando aplicativos de controle;
- Criar momentos em família sem celulares, como durante refeições ou antes de dormir;
- Incentivar atividades offline, como esportes, leitura e encontros presenciais;
- Estimular reflexão sobre o conteúdo consumido online, lembrando que a vida real é mais complexa que as redes sociais;
- Buscar acompanhamento psicológico se houver sofrimento persistente.
“Equilíbrio digital não é perfeição; é conseguir escolher quando e como se conectar, sem que isso prejudique a vida real”, afirma a psicóloga.
O cuidado com o tempo online e a observação dos sinais de excesso são essenciais para crianças, adolescentes e adultos, reforçando a importância de hábitos saudáveis na era digital.