O senador paraibano Efraim Filho, líder do União Brasil, avalia que está cada vez mais fortalecido para assumir o comando da federação União Progressista no Estado, depois que as cúpulas nacionais do União e do PP anunciaram seu desembarque do governo do presidente Lula (PT). Efraim, que foi anunciado como candidato bolsonarista ao governo da Paraíba nas eleições de 2026 pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, trava uma queda-de-braço com o “clã” Ribeiro, do PP, que tem o vice-governador Lucas Ribeiro como pré-candidato à sucessão de João Azevêdo. Enquanto o senador se solidariza com o ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento a que é submetido desde ontem, no Supremo Tribunal Federal, o vice-governador reiterou seu apoio ao governo Lula, na contramão do posicionamento firmado pelo presidente nacional do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI).
As lideranças dos dois partidos em Brasília desencadearam uma ofensiva, ontem, para pressionar os ministros do Turismo, Celso Sabino, que é filiado ao União, e André Fufuca, do Esporte, filiado ao PP, a deixarem a Esplanada dos Ministérios até o dia 30 de setembro, sob pena de serem afastados ou até mesmo expulsos dos respectivos partidos. André Fufuca informou que segue trabalhando normalmente após o anúncio do desembarque do partido do governo e que cumpre rigorosamente a sua agenda institucional de compromissos. A nota do Ministério do Esporte deixou claro que o titular da pasta segue cumprindo as ordens de Lula. “Fufuca dá andamento ao que foi estabelecido pelo presidente como prioridade para a pasta: transformar o esporte em uma ferramenta de inclusão social que garanta a todos os brasileiros o acesso às práticas esportivas”, diz o texto, liberado ontem à noite. O ministro rebelado reuniu-se com caciques dos dois partidos na manhã de ontem, após ter sido chamado à sede do União Brasil para conversar com Antônio Rueda, presidente do União, e com o senador Ciro Nogueira, dirigente do PP, a fim de tratar da saída do governo. Ciro já vinha pedindo a saída do ministro – aliás, sempre foi contrário à ida de Fufuca para o ministério.
O UOL informa que Fufuca é conhecido por suas posições firmes e conseguiu fazer valer sua vontade de assumir a pasta do Esporte. Os acontecimentos se precipitaram em Brasília depois que o presidente Lula pressionou os ministros a defenderem o seu governo. O mandatário reclamou que os ministros não defendem a gestão em eventos partidários que fazem ataques ao PT e a Lula. Fufuca tinha a expectativa de ser liberado a permanecer até o início do ano que vem, mas foi atropelado pela pressa das cúpulas. Em relação ao senador Efraim Filho, ele tem sido coerente desde o início em todo esse desaguisado, quando enfatizou, após ser empossado senador, que teria uma posição de independência no plenário da Casa, ficando à vontade para votar favoravelmente a propostas do governo que considerasse de interesse público e para votar contra medidas que implicassem em cobrança de mais impostos. Na prática, o chamado “Índice de Governismo” do parlamentar foi extremamente baixo. Ele chegou a trazer ministros para solenidades na Paraíba, com anúncio e entrega de obras e de investimentos, mas destacou com ênfase o papel dos ministérios e de seus titulares, em forma de agradecimento, sem menção expressa ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Historicamente, o “clã” Moraes combate o petismo na Paraíba.
O ex-senador Efraim Moraes, pai do também senador, chegou a ser expoente de uma CPI dos Bingos em governo Lula, que irritou o Planalto e levou o presidente a afirmar que se tratava de “CPI do fim do mundo”. Efraim Filho sempre demonstrou simpatia para com o bolsonarismo. Quanto à posição de Lucas Ribeiro de anunciar apoio ao governo Lula tem a ver com o seu interesse em demonstrar sintonia fina com o governador João Azevêdo, do PSB, que é eleitor declarado do líder petista. Lucas, aparentemente, é o candidato preferido de João Azevêdo para concorrer à sua sucessão dentro do bloco oficial, o que tem provocado descontentamento do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que já anunciou intenção de deixar os quadros do PP, e do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, que está sufocado dentro do Republicanos na pretensão de ser candidato ao Executivo, dado o apoio da legenda a Lucas. A nível nacional, a federação União Progressista tornou pública sua oposição à reeleição de Lula, devendo investir na formação de uma chapa de direita que pode vir a ter um sobrenome Bolsonaro na cabeça ou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tendo Ciro Nogueira, presidente do PP, como candidato a vice-presidente. Nesse aspecto, Efraim está mais sintonizado do que Lucas com a realidade dos fatos nacionais, não lhe sendo difícil conquistar o comando da federação local pelo qual tanto se bate.