Quebra do silêncio

RESPOSTA AO COMANDANTE DA PM: "Ação foi desproporcional na chacina em Conde"; diz novo procurador-geral do MP

RESPOSTA AO COMANDANTE DA PM: "Ação  foi desproporcional na chacina em Conde"; diz novo procurador-geral do MP

Paraíba - O novo procurador-geral de Justiça da Paraíba, Leonardo Quintans, comentou, na noite desta segunda-feira (25), sobre a atuação do Ministério Público no caso da morte de cinco jovens no município de Conde, episódio que levou à prisão temporária de cinco policiais militares investigados. Quintans foi entrevistado pelo jornalista Heron Cid no programa Hora H, da TV Norte Paraíba, que contou com a participação do jornalista Gutemberg Cardoso.

Gutemberg questionou o procurador sobre o silêncio do MP diante de críticas feitas por representantes do Governo do Estado a respeito do caso.

“O MP faz um trabalho técnico com base nos elementos da investigação. A partir de provas robustas, concluiu-se que a ação foi desproporcional. Mas seguimos com a investigação de forma responsável, sem espetacularização”, respondeu Quintans.

Prisão dos policiais e investigação em andamento

O caso, que ocorreu no dia 15 de fevereiro de 2025, na região da Ponte dos Arcos, em Conde, está sendo apurado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). Segundo a investigação, há indícios de que os seis policiais militares envolvidos possam ter cometido fraude processual e ocultação de provas, além da prática de homicídio.

Cinco dos agentes foram presos temporariamente, após a coleta de depoimentos e laudos periciais que apontam inconsistências na versão apresentada.

O documento do MPPB registra que os jovens não apresentaram qualquer possibilidade de reação e que os corpos foram removidos do local com ferimentos letais na cabeça, antes mesmo da chegada da Polícia Civil, responsável pela perícia. Os veículos também foram retirados da cena do crime e levados à Central de Polícia, o que reforçou a suspeita de adulteração do cenário.

Heron Cid perguntou se o episódio poderia ser caracterizado como execução. Quintans respondeu:

“Os indícios apontam nessa direção, mas o processo ainda está em investigação. Buscamos a prisão temporária e seguimos trabalhando com discrição. O MP respeita o direito dos investigados e fala no momento oportuno”.

Quando questionado se a instituição iria reagir às críticas públicas, o procurador foi firme:

“Exato, o MP não vai ficar batendo boca. Estamos fazendo nosso trabalho para levar ao Judiciário as conclusões que as provas indicarem”.

Divergência de versões

Enquanto o Ministério Público vê fortes indícios de execução, a defesa dos policiais, feita pelo advogado Luiz Eduardo, sustenta que os agentes estavam em um “checkpoint” e teriam reagido após serem atacados a tiros pelos jovens. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Sérgio Fonseca, também saiu em defesa dos policiais:

“Nós acreditamos na versão dos policiais. Caso seja comprovado o contrário, eles vão pagar”, afirmou.

Já o documento do MP ressalta que os disparos realizados pelos agentes foram de fuzis de alto poder de destruição, o que agrava a suspeita de uso desproporcional da força.

As vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Trauma de João Pessoa, mas, conforme guia da própria unidade, já chegaram sem vida, com múltiplos ferimentos.

Próximos passos

O Ministério Público da Paraíba segue conduzindo as investigações, que podem resultar em denúncias por homicídio qualificado, fraude processual e ocultação de provas.

Quintans reiterou que sua gestão à frente da Procuradoria-Geral será pautada pelo rigor técnico e pela transparência:

“Nosso compromisso é com a lei e com a sociedade, e não com disputas de narrativa”.