Opinião

Azevêdo tem chave da equação sucessória e inquieta oposição - Por Nonato Guedes

Foto: Reprodução/ Internet
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O governador João Azevêdo (PSB), que atualmente se recupera de uma bem-sucedida cirurgia, tornou-se fonte de inquietação para seus opositores que, embora não admitam de público, confessam nos bastidores que ele tem a chave da equação sucessória referente às eleições de 2026, para as quais é estimulado a concorrer a uma vaga de senador. Não se passa uma semana sem que um parlamentar oposicionista provoque o governador, ora colocando em xeque a sua liderança política no agrupamento que comanda e que reúne outros partidos além do PSB, ora duvidando da sua capilaridade em termos de votos para se eleger a um mandato legislativo, apesar dos elevados índices de aprovação conferidos ao seu governo e de pesquisas de opinião pública indicarem favoritismo dele na corrida que já se inflaciona de postulantes, à direita, ao centro e à esquerda para o Senado.

Primeiro insinuou-se que João seria traído numa campanha majoritária caso se aventurasse a desincompatibilizar-se com meses de antecedência, cumprindo exigências da Lei para postulantes. Alegava-se que ele ficaria enfraquecido sem o poder da caneta que nomeia e demite e que se tornaria refém do grupo Ribeiro, de Campina Grande, mediante a ascensão do vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas) à titularidade, com a possibilidade de candidatar-se à reeleição à frente do Executivo. Os Ribeiro foram acusados de terem imobilizado João Azevêdo por estarem na ante-sala do poder, a um passo de ocupar a cadeira que, hoje, lhe pertence, além de insinuações paralelas sobre expansionismo do “clã” com as candidaturas simultâneas de Lucas, Daniella e Aguinaldo Ribeiro. A teoria conspiratória foi desmanchada quando a senadora Daniella anunciou que não disputará a reeleição porque pretende abrir espaço para facilitar acomodações em torno do seu filho como candidato ao governo estadual.

Ultimamente passou a ser agitado o fantasma de dissidências no bloco governista, supostamente encabeçadas pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que não esconde a ambição de concorrer ao Palácio da Redenção, e pelo deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa e filiado ao Republicanos, que tenta se apresentar como “candidato lulista” na Paraíba, como tática para sensibilizar o PT a apoiá-lo ou mesmo adotá-lo, já que dentro do seu partido tem ficado claro o compromisso de apoio a Lucas Ribeiro, com a pré-candidatura de Nabor Wanderley, prefeito de Patos, a uma vaga de senador. Sobre Cícero, é uma incógnita porque se movimenta para viabilizar uma candidatura a governador, examinando até hipótese de filiação a outras siglas. Uma curiosidade é que tanto Cícero quanto Adriano não deram, até agora, um passo sequer para romper com a liderança do governador João. Pelo contrário, são pródigos em elogios à sua administração e ao que denominam de “nova Paraíba”, que está em curso. A estratégia predileta de oposicionistas como o senador Efraim Filho (União Brasil) e o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), pré-candidatos ao governo, além do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) é a de tocar fogo nas hostes governistas, alardeando ameaças de defecções, vaticinando adesões que já estariam ocorrendo “por baixo dos panos” e apostando fichas na dificuldade do governador João Azevêdo em construir chapa vitoriosa para o pleito do ano vindouro, duvidando, inclusive, das suas próprias chances de se eleger, o que contraria a lógica de enquetes e pesquisas de opinião pública até agora tornadas públicas. João não passa recibo de irritação ou afobação com o cerco oposicionista e age de forma prática para não perder o foco na ação administrativa, que é quem tem lhe proporcionado resultados favoráveis, nos índices de popularidade que não deixam margem a dúvida nem são contestados com números inversos.

A chave da equação sucessória paraibana está nas mãos de João Azevêdo por vários fatores. Um deles, pouco mencionado mas não esquecido, é o de que, numa “emergência”, em situação periclitante para as chances do seu esquema político, o governador tem a opção de permanecer até o último dia de mandato e não disputar nenhum outro mandato eletivo, tal como fez em 2018 Ricardo Coutinho, que tinha como metas eleger João Azevêdo no primeiro turno e derrotar Cássio Cunha Lima na reeleição ao Senado, o que foi concretizado. A oposição tem sede de revanche, não esconde essa ambição, mas precisa ser mais racional e equilibrada e menos passional na propaganda das suas próprias estratégias para não pôr tudo a perder na futura competição. Subestimar adversários nunca foi tática infalível em muitos pleitos eleitorais, e convém ficar atento, ainda, aos sinais da conjuntura nacional, que pode ter influência colateral na disputa na Paraíba e em outros Estados. João, que era neófito em 2018, surpreendeu ali, repetiu a vitória em 2022 e conquistou espaço próprio de liderança. Teoricamente, pois, não é adversário fácil de ser batido, como projetam os opositores, que dão a entender que já estão com a mão na taça para 2026.