A senadora Daniella Ribeiro (Progressistas) já tornou público que não será candidata à reeleição em 2026, abrindo mão de um direito natural para favorecer apoios à candidatura do seu filho Lucas, atual vice-governador, à chefia do Executivo, dentro do esquema liderado por João Azevêdo (PSB). Não há impedimento legal para que Lucas e Daniella concorram a cargos distintos num mesmo pleito, mas a senadora decidiu concluir o mandato proativo que exerce em Brasília para atender a arranjos de composição política diante do objetivo mais relevante de conquista do governo pelo seu grupo, integrado ainda pelo irmão, Aguinaldo, deputado federal e pelo pai, Enivaldo, ex-deputado e ex-prefeito de Campina Grande. Independente do resultado das urnas do próximo ano, Daniella dificilmente ficará longe da ribalta política. Seu nome já é cogitado para disputar a prefeitura de 2028 na sucessão de Bruno Cunha Lima (União Brasil), que foi reeleito em 2024, entre outros projetos e desafios acenados para a sua trajetória. Esta semana ela foi agraciada com o “Prêmio Congresso em Foco”, de grande prestígio na Capital Federal.
Daniella já participou de duas eleições à prefeitura campinense mas não logrou êxito – na primeira, como vice do falecido deputado Rômulo Gouveia, derrotado por Veneziano Vital do Rêgo e, em 2012, concorrendo ela própria à prefeitura, derrotada por Romero Rodrigues. Exerceu mandato de vereadora, foi deputada estadual em duas legislaturas e quebrou um tabu elegendo-se a primeira senadora da história da Paraíba em 2018. Expoente do campo da centro-direita e reconhecida pela impetuosidade dos gestos políticos, Daniella destacou-se no Congresso liderando a bancada do PP, bancada feminina, presidente da Comissão Mista de Orçamento e integrando diretoria da União Parlamentar Interestadual. Agitou bandeiras de repercussão em defesa das mulheres, com projetos e iniciativas como a campanha “Antes Que Aconteça”, que sensibilizou autoridades do governo federal. Também foi atuante na questão do Perse, projeto idealizado para incentivar a retomada de atividades artísticas, culturais e empresariais, em situação de emergência decorrente da pandemia de covid-19.
A senadora chegou a ser mencionada como provável candidata do esquema governista à prefeitura campinense em 2024, abrindo mão por causa de entendimentos políticos que conduziram à escolha do médico Jhony Bezerra (PSB), ex-secretário de Saúde do Estado, para enfrentar o prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil). A batalha foi decidida no segundo turno, com vantagem para Bruno, mas o resultado estimulou segmentos oposicionistas ligados a Daniella e ao governador João Azevêdo, que prospectam chances animadoras para o futuro. Se o vice-governador Lucas Ribeiro for, mesmo, eleito à sucessão de João Azevêdo, o cacife de Daniella para concorrer à prefeitura estará antecipadamente assegurado, pelo reforço que poderia ter numa campanha contra antigos grupos adversários que promoveram pacificação política no rescaldo das eleições de 2022.
Além de respeitada por líderes políticos, inclusive, por adversários, Daniella Ribeiro sempre teve excelente trânsito com dirigentes do Congresso Nacional, a exemplo do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e, atualmente, do senador Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, que preside a Casa. Igualmente abriu canais de interlocução, em face do seu prestígio, com ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro e com atuais ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A postura da senadora de não radicalizar no embate ideológico contribui para facilitar seus passos e atuação legislativa – e é fora de dúvidas que ela tem carreado benefícios para cidades do interior da Paraíba e para os grandes centros como João Pessoa e Campina Grande. As suas emendas parlamentares atendem a variados segmentos da sociedade – e ela é implacável na defesa de causas como o combate à violência contra a mulher.
Embora, no “clã” Ribeiro, haja uma ascendência na tomada de posições por parte do deputado Aguinaldo – que foi relator da reforma tributária na Câmara Federal – a senadora Daniella é invariavelmente consultada quanto a decisões cruciais para os interesses do grupo a que pertence e para os destinos da própria Paraíba. Recentemente, ela fez um movimento de retorno ao PP depois que o PSD lhe foi tomado pelos Cunha Lima, estando, hoje, sob a presidência do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima. Daniella já enfatizou que estará na linha de frente da campanha do filho Lucas Ribeiro a governador em 2026 e, desde agora, opera nos bastidores, em articulação estreita com o governador João Azevêdo, para costurar apoios relevantes diante da perspectiva de campanha renhida que se desenha. Ela tenta, igualmente, quebrar resistências de eventuais aliados de Azevêdo à pré-candidatura de Lucas, e confia em que o filho escreverá um novo capítulo na história da cena estadual de poder.