A recente estratégia adotada pelos Bolsonaro tem se mostrado ineficaz e contraproducente. A iniciativa de instar os Estados Unidos a impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, somada à defesa do cancelamento dos vistos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), produziu efeitos negativos imediatos.
Ainda mais delicada foi a ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes, alvo de sanções previstas na chamada Lei Magnitsky, que podem acarretar graves prejuízos institucionais e diplomáticos.
Até o momento, não se observa qualquer benefício concreto nessa linha de atuação. Pelo contrário, o movimento abriu espaço para que o presidente Lula recuperasse fôlego político e se reposicionasse de forma mais favorável perante a opinião pública, revertendo um cenário que até então lhe era desfavorável.
Pesquisa recente do instituto Quaest indica que 69% dos entrevistados avaliam a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos como de caráter estritamente pessoal. Embora a defesa do pai seja compreensível em termos familiares, na prática o resultado tem sido o enfraquecimento ainda maior da posição do ex-presidente.
Uma alternativa mais pragmática seria concentrar esforços no fortalecimento da direita com vistas às eleições do próximo ano. Caso um aliado de Bolsonaro fosse eleito, haveria espaço para discutir eventual anistia, o que poderia limitar a pena a poucos anos e abrir possibilidade de graça ou indulto.
No entanto, com a consolidação do favoritismo de Lula, reforçado por equívocos estratégicos de seus adversários, o quadro se torna cada vez mais adverso para o ex-presidente e seu entorno. Além do risco de prisão de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro também pode enfrentar perda de mandato e eventual responsabilização judicial caso retorne ao Brasil.
Em síntese, a condução política atual tem fragilizado não apenas o ex-presidente, mas todo o seu núcleo de apoio, ampliando os riscos de derrota eleitoral, de responsabilização criminal e prisão. Uma lambança generalizada.
Fonte: Ronaldo Cunha Lima Filho
Créditos: Polêmica Paraíba