Nesta terça-feira

Governo da Paraíba abre Fórum Celso Furtado com assinatura de acordo para inovação no sistema prisional

Governo da Paraíba abre Fórum Celso Furtado com assinatura de acordo para inovação no sistema prisional

Paraíba - O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties-PB), realizou, nesta terça-feira (19), um Acordo de Cooperação Técnica com o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) para atuação do Programa Celso Furtado no sistema prisional. A assinatura do documento aconteceu durante a abertura do Fórum Celso Furtado: Desenvolvimento, Justiça e Democracia: reflexões críticas para o século XXI, que vai até esta quarta-feira (20), no Tribunal de Contas da Paraíba, em João Pessoa. 

“O objetivo é avançar na socioeducação: agora, os socioeducandos poderão participar como bolsistas, assim como estudantes da rede estadual e universitários. Esse é um acordo inédito no Brasil, pioneiro em um ente federativo, garantindo mais dignidade e inclusão”, explicou o secretário Claudio Furtado. 

A assinatura do Acordo de Cooperação Técnica tem foco na educação, pesquisa e inovação nas unidades prisionais. A parceria integra o Programa Celso Furtado de Inovação Educacional e Desenvolvimento Regional, promovendo a reintegração social de pessoas privadas de liberdade por meio de projetos de iniciação científica, cultural e profissional. O acordo foi realizado entre a Secties, juntamente com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). 


O presidente do TJPB, desembargador Fred Coutinho, ressaltou a importância do ato para a ressocialização. “As assinaturas realizadas hoje não representam apenas um ato formal, mas um compromisso efetivo e afetivo com o social. O Poder Judiciário paraibano está imbuído nesse propósito, ao lado dos participantes do Fórum Celso Furtado, com a certeza de que este evento beneficia cidadãos e cidadãs. O Judiciário deve estar sempre de portas abertas e em encontro com o cidadão. Isso é cidadania”, disse. 

Já o secretário da Seap, João Alves, ressaltou a importância da Secretaria de Ciência e Tecnologia ter um olhar para a socioeducação. “Esse projeto é inovador porque concede uma remição diferenciada de pena: além do trabalho, estudo e leitura, agora os reeducandos poderão remir a pena por estarem matriculados e participando desse programa. Isso é significativo, pois temos muitas pessoas nas unidades prisionais que querem sair pela porta da frente, cuidar da família e reconstruir a vida”, comentou. 

O Programa Celso Furtado, promovido pela Secties, já atua com escolas de ensino médio e universidades no desenvolvimento de soluções para problemas locais. Com a parceria, a metodologia será aplicada também no sistema prisional, ampliando o alcance social da iniciativa.

O primeiro dia do Fórum contou com a apresentação de 21 projetos desenvolvidos por estudantes das quatro Instituições de Ensino Superior (IES) públicas da Paraíba, no âmbito do programa, além de palestras e debates sobre os desafios contemporâneos do desenvolvimento, os autoritarismos e as desigualdades sociais. Entre os especialistas presentes estavam a economista Tânia Bacelar, referência em desenvolvimento regional, a historiadora Lúcia Guerra, pesquisadora da ditadura e dos direitos humanos, e o sociólogo José Gomes Ferreira, que atua em pesquisas sobre políticas públicas e sociologia ambiental.

A economista Tânia Bacelar, que trabalhou diretamente com Celso Furtado, foi uma das palestrantes do evento e destacou a relevância do Programa ao levar o pensamento furtadiano para dentro das escolas da Paraíba. “A realização de um fórum com o nome de Celso Furtado não é, por si só, algo excepcional. O que vi aqui hoje, no entanto, é especial: trazer a reflexão de um pensador brasileiro, reconhecido mundialmente, para crianças e jovens ainda no início da vida escolar. Isso me surpreendeu, porque normalmente esse debate só chega à universidade. A Paraíba está promovendo uma iniciativa disruptiva, que pode servir de exemplo para outros estados do país.”

A programação continua nesta quarta-feira (20), com mesas de discussão voltadas para inteligência artificial, tecnociência solidária e economia digital. Entre os palestrantes do segundo dia estão os pesquisadores Helena Lastres e José Eduardo Cassiolato, que irão abordar os desafios da economia política de dados e o papel do Brasil na defesa da soberania nacional frente às grandes plataformas globais.