O domínio batavo no Nordeste brasileiro, na primeira metade do Século XVII, é também um período de presença alemã. Trabalhando junto à Companhia Holandesa das Índias Ocidentais havia influentes germânicos, a começar pelo mais famoso administrador, destacado pelos Países Baixos, na época, o Conde Maurício de Nassau.
Pertencente à nobreza dos Países Baixos, Joahann Moritz von Nassau-Siegen nascera em Dillenburg, parte do Sacro Império Romano-Germânico, naquele período histórico, e à Alemanha, atualmente. Ele esteve na Paraíba, por volta de 1638, inspecionando o território.
A mudança do nome de Forte Santa Catarina para Margarida, coincide com o nome de sua (de Nassau) mãe. Quando de sua despedida do Brasil, percorreu calmamente ruas e prédios de Frederica.
Georg Macgraf, naturalista, cartógrafo e astrônomo alemão realizou estudos em território pernambucano, paraibano e norte-rio-grandense, em companhia de Elias Herckman, que governou a Paraíba e é autor do famoso e seminal documento histórico-geográfico Descrição Geral da Capitania da Paraíba, sobre o qual já falamos. Macgraf é responsável oficial por um dos primeiros mapas reais sobre a região: Praefecturae de Paraiba et Rio Grande.
O primeiro governador holandês na Paraíba, Servaes Carpentier, nasceu em Aachen/Aken na atual Alemanha. O governo dele foi curto (janeiro de 1635 a junho de 1636). Consolidou a ocupação, cuidou de fortificações e produziu um relato técnico que orientou a exploração econômica, com registro de solos, culturas e criação, com entusiasmo pela fertilidade local.
Entre os alemães no Nordeste, um deles ostenta uma das histórias mais macabras da época. Falo de Jacob Rabbi (judeu-alemão) responsável pela morte de dezenas de pessoas, em meio a uma missa de domingo, em Barra do Cunhaú, no Rio Grande do Norte. O objetivo era absolutamente torpe: a rapina, o roubo, utilizando como motivação a intolerância religiosa.
Com ascendência sobre os indígenas, e no comando de soldados batavos calvinistas, passou na espada e na pólvora o padre e mulheres grávidas, deixando um cenário dantesco narrado logo depois pelo escritor Lopo Garro (cunhado de Vidal de Negreiros e governador da Paraiba no período imediato à expulsão dos holandeses), que chegou a flagrar o resultado da chacina, após a retirada de Rabbi. Algum tempo depois, ele repetiu a macabra façanha em Uruaçu, também no Rio Grande do Norte.
Só para fechar a história, o papa Francisco, em 2017, canonizou as vítimas de Cunhaú e Uruaçu como mártires da Igreja, tornando-as os primeiros santos mártires nascidos no Brasil. Quanto a Jaco Rabbi, ele terminou assassinado em abril de 1946.
Para o bem e para o mal, eis alguns registros da presença alemã no Nordeste Holandês do Século XVII.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.