A reunião da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHMIR) da Câmara dos Deputados, realizada na última terça-feira (13), foi marcada por um intenso confronto verbal entre os deputados Gilvan da Federal (PL-ES) e Erika Hilton (PSOL-SP).
O embate começou após Erika apresentar um requerimento para a realização de uma audiência pública sobre o tema “Transmasculinidades e Saúde Mental”.
A proposta gerou críticas de Gilvan, que questionou a pertinência da pauta e fez declarações consideradas transfóbicas pela deputada, atacando sua identidade de gênero, aparência e estilo de vida.
Entre as falas, o parlamentar ironizou os gastos pessoais de Hilton, acusando-a de incoerência política.
“Você não manda em mim, você manda no teu maquiador. Você tem que elevar o capitalismo”, disse, afirmando ainda que a deputada estaria “apaixonada” por ele.
A resposta veio em tom firme. “Que nojo! Que nojo! O senhor me respeite! Se coloque no seu lugar! O senhor é homem baixo, asqueroso, nojento”, rebateu Hilton.
Em seguida, a deputada acusou o colega de manter um discurso moralista para alimentar o ódio contra minorias e destacou que continuará utilizando seu salário como quiser.
“O incômodo desta gente não é com as minhas bolsas, com os meus sapatos e com as minhas roupas, que eu continuarei trabalhando de maneira honesta para comprar […]. O ódio desta gentalha é ver em uma mulher como eu, que saiu das esquinas de prostituição, que estava com o alvo da morte colocado sobre a sua cabeça, ocupando o lugar que, como ele mesmo disse, nem as suas próprias mulheres ocupam”, declarou.
Erika também reforçou a importância do debate sobre saúde mental de homens trans, afirmando que discursos como o do parlamentar contribuem para casos de suicídio, automutilação e falta de acolhimento nos serviços públicos.
Ao final da sessão, Hilton prometeu reapresentar o requerimento na próxima semana. Gilvan foi repreendido pelo presidente da Comissão, que pediu mais respeito ao ambiente das discussões.