PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS:  Universidade Popular da Paraíba, em 1913, e seus temas avançados - Por Sérgio Botelho

Logo após a sessão solene de instalação, em 15 de janeiro de 1913, a direção da Universidade Popular iniciou os trabalhos práticos de organização dos ciclos de conferência.

O primeiro passo foi a definição dos temas a serem abordados e a identificação de pessoas capacitadas a tratá-los de forma acessível.Mais de quarenta temas foram propostos, e apresentados nas semanas subsequentes, abrangendo áreas como higiene pública, educação, economia agrária, direitos das mulheres, história do Brasil, relações internacionais, ação social, moralidade pública, cooperativismo e saúde mental. Esses temas foram atribuídos a conferencistas voluntários, todos residentes na cidade ou fortemente ligados à vida intelectual da capital paraibana.

Entre os convidados figuravam nomes que brilhavam no campo das ideias, como o jornalista, escritor e poeta Carlos Dias Fernandes, e a advogada e professora Catharina Moura, recém‑formada com distinção na Faculdade de Direito do Recife, escalada para falar sobre os direitos políticos da mulher.

A escolha foi ousada e colocou uma mulher, como naturalmente deveria ser, no centro de um tema ainda tabu no início do século XX.Essa etapa de escolha temática e convite aos conferencistas mostrou-se um dos pontos altos do projeto, revelando o dinamismo da vida intelectual da cidade e a disposição de seus protagonistas em dialogar com o público mais amplo.

Ao juntar um repertório tão diversificado de assuntos e vozes, a Universidade Popular da Paraíba se mostrava como uma experiência de vanguarda para o seu tempo, tanto pelo conteúdo quanto pela forma de organização.

Mesmo sem ter ido adiante, a iniciativa teve impactos importantes na vida intelectual paraibana. Os temas propostos, a participação de nomes respeitados e o esforço de tornar o saber acessível mostram o valor da iniciativa. Foi uma ideia ousada para o seu tempo, que reafirma o papel de destaque de Castro Pinto na história da educação e da cultura paraibana.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.