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Falecimento de Preta Gil reacende alerta sobre o câncer de intestino: especialista destaca importância do diagnóstico precoce

Arte: Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba
Arte: Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba

O Brasil se despediu, recentemente, da cantora Preta Gil, que faleceu após uma longa e corajosa luta contra o câncer de intestino. A artista foi diagnosticada com a doença em janeiro de 2023 e enfrentou um tratamento intenso, incluindo quimioterapia, radioterapia e cirurgias. Apesar de ter alcançado remissão em dezembro do mesmo ano, o câncer retornou de forma agressiva em agosto de 2024, com metástases em linfonodos, peritônio e ureter.

Em entrevistas concedidas durante sua luta, Preta alertava para a importância de observar sinais como sangue e muco nas fezes, alterações no formato e cor, dores e desconfortos intestinais. Dessa forma, ela buscava conscientizar o público sobre os sinais de alerta do corpo. Nesse contexto, ela ressaltava a atenção aos detalhes do próprio corpo. “É muito importante a gente olhar para as nossas fezes”, disse ela no programa Mais Você. Além disso, em outra ocasião, no Conversa com Bial, afirmou: “Se eu estivesse em casa, eu não estaria mais aqui”.

Para esclarecer sobre a doença que tirou a vida da cantora e atinge milhares de brasileiros todos os anos, o cirurgião do aparelho digestivo e cirurgião bariátrico, Dr. Augusto de Arruda Lira conversou com o Polêmica Paraíba e destacou pontos essenciais sobre o câncer colorretal.

O que é o câncer de intestino?

“É um tumor que se forma no intestino grosso, geralmente a partir de pólipos, que são pequenas lesões benignas que, com o tempo, podem se tornar malignas”, explica Dr. Augusto. Ele alerta que os principais fatores de risco são idade avançada, histórico familiar, má alimentação, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool.

Dr. Augusto Lira também esclareceu sobre a diferença entre câncer de cólon e reto. O médico informou que o nome câncer de intestino geralmente se refere ao câncer que atinge o intestino grosso. Quando ele aparece na parte chamada cólon, chamamos de câncer de cólon. Se está na parte final do intestino, conhecida como reto, chamamos de câncer de reto. Ambos fazem parte do grupo de cânceres colorretais, e o tratamento é parecido, mas há algumas diferenças específicas dependendo da localização.

Sintomas que não devem ser ignorados

De acordo com o especialista, os sintomas mais comuns incluem:

  • Alterações no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre que não passam);
  • Sangue nas fezes (vermelho vivo ou escuro);
  • Dores abdominais ou sensação de inchaço;
  • Perda de peso sem explicação;
  • Cansaço excessivo;
  • Sensação de evacuação incompleta.

“Esses sintomas nem sempre indicam câncer, mas são motivo para procurar um médico”, reforça Dr. Augusto.

Diagnóstico e tratamento

O exame mais eficaz para detectar o câncer de intestino é a colonoscopia, que permite visualizar o interior do órgão e retirar amostras para biópsia. “Infelizmente, muitas vezes os médicos só descobrem o câncer de intestino em estágios mais avançados, pois os sintomas iniciais podem ser discretos. Dessa forma, o diagnóstico precoce se torna mais difícil. Por esse motivo, é essencial fazer exames preventivos, principalmente a partir dos 45 ou 50 anos, mesmo sem sintomas”, afirmou o médico.

O tratamento depende do estágio do câncer e da localização do tumor, mas as principais opções são:

Cirurgia: para retirada do tumor e, quando necessário, de parte do intestino.
Quimioterapia: uso de medicamentos que atacam as células do câncer.
• Radioterapia: uso de radiação para reduzir ou eliminar o tumor, mais comum nos casos de câncer de reto.
• Terapias alvo e imunoterapia: tratamentos mais modernos que atuam de forma específica contra o câncer, usados em alguns casos avançados.

A importância da prevenção

O médico ressaltou que a prevenção é o melhor caminho. A recomendação é iniciar exames regulares, como a colonoscopia, a partir dos 45 anos, ou antes, em casos com histórico familiar.

O câncer de intestino é o segundo mais comum entre homens e mulheres no Brasil. No entanto, também é um dos mais evitáveis e tratáveis quando diagnosticado cedo. Além disso, a conscientização pode salvar vidas. Nesse sentido, quando descoberto cedo, o câncer de intestino tem grandes chances de cura. Portanto, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais.


Foto: Arquivo pessoal

Dr. Augusto de Arruda Lira
Cirurgião do aparelho digestivo e Cirurgião Bariátrico
Crm-SP 104.636