POR PAULO SANTOS
Não há como considerar plausível, aos olhos dos mortais comuns, que aquela gigantesca entrevista realizada pelo Sistema Arapuan de Comunicação na noite desta terça-feira (19), tenha sido denominada de “debate”. O programa pode ter tido a intenção de parecer um debate, mas passou longe disso.
Debate, na acepção do termo, é discussão, polêmica, ou seja, tudo que não houve durante as mais de duas horas em que o Sistema Arapuan colocou os principais candidatos frente a frente. Para inÍcio de conversa, foi injustificável o atraso para início dos trabalhos e, ao entrar no ar, não haver um pedido de desculpas da empresa aos telespectadores.
A ausência do candidato do PSTU Antônio Radical – sensação do debate realizado na TV Master – também foi sentida. Outra omissão imperdoável no elenco de “questionamentos” levantados pela produção foi o tema “cultura”, inexplicavelmente jogado no lixo num Estado com as tradições da Paraíba nesta área (Jackson do Pandeiro, Zé Lins, Augusto dos Anjos, Sivuca e muitos outros estão se remexendo nas covas).
O Sistema Arapuan procurou formatar o programa com a mesma ideia de engessamento com a Rede Globo padronizou esse tipo de confronto, com o mínimo possível de liberdade para discutir os assuntos que de fato interessam à população. A fórmula é insossa e deu a sensação de que o modelo da TV Master foi mais enriquecedor, apesar das ameaças aos convidados que estavam no auditório.
Com todo o respeito ao colega Nilvan Ferreira, sobre quem recaiu a responsabilidade de dar cara e voz ao amadorismo da produção, não cabia passar o programa dizendo aos produtores para preparar microfones a quem ia fazer indagações nem que iria meter a mão na “caixinha” onde estavam os envelopes com nomes e temas.
O engessamento foi visível ao ponto de, no final, o candidato à reeleição Ricardo Coutinho (PSB) reclamar do modelo. Foi uma indelicadeza pois estava ali na condição de convidado e quaisquer críticas deveriam ser feitas fora do ar e não dar a impressão de que o Governo deve opinar no que uma empresa faz ou deixa de fazer.