Em meio às homenagens pela morte de Jean-Claude Bernardet, um dos principais críticos e estudiosos do cinema brasileiro, vem à tona uma lembrança especial: em meados de 1976, o intelectual ministrou um curso de cinema para estudantes de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba.
A atividade aconteceu no plenário da Câmara Municipal e contou com a participação de jovens interessados em audiovisual e crítica cinematográfica. Bernardet, à época professor da Universidade de São Paulo (USP), foi o responsável por conduzir o curso e inspirar uma geração local.
Na foto histórica, aparecem ao lado de Jean-Claude nomes como Nonato Guedes, Gutemberg Cardoso, Josival Pereira, Irismar Di Lira, Chico Antônio, Jamilton Farias, Leão Moreira, entre outros.
Renomado critico de cinema, Jean-Claude Bernadet ministrou curso em Cajazeiras na década de 70 – Por Nonato Guedes
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O renomado Crítico de cinema Jean-Claude Bernadet, belga naturalizado brasileiro, que faleceu hoje em São Paulo aos 88 anos teve uma passagem marcante pela cidade de Cajazeiras, no sertão oaraibano, na década de 70. Ele ministrou um curso de cinema na cidade para jovens estudantes de colégios que faziam parte do Cineclube Vladimir de Carvalho, criado sob a presidência do jornalista Nonato Guedes, que participava de atividades culturais.
“As aulas de Jean-Claude foram importantes para despertar consciências entre os jovens que já estavam engajados em movimentos de resistência à ditadura militar “, conta Nonato, citando entre os ativistas da época os jornalistas Gutemberg Cardoso, Josival Pereira e Lena Guimarães. Nonato informa que Jean-Claude ficou hospedado na casa da teatrologa e radialista Iracles Pires, figura destacada na sociedade paraibana.
“A passagem de Jean-Claude foi um acontecimento, pela sua dimensão intelectual e conhecimento das tendências do cinema brasileiro como o Cinema Novo que projetou Glauber Rocha pelo seu estilo polêmico”, adiantou. Para ele, chamou a atenção a simplicidade de atitudes de Jean-Claude, desde a vestimenta comum à humildade nos ensinamentos que transmitiu.”Cajazeiras marcou época ao levar Jean-Claude, uma figura icônica na cultura cinematográfica que deixaria um vasto legado de obras que plasmaram a narrativa da história do cinema brasileiro “, pontuou.
Guedes lembra que na época Cajazeiras estava em posição de vanguarda nas lides culturais e que pessoalmente foi indicado para dirigir o cineclube numa Semana Universitária, na gestão de Valiomar Rolim, já falecido. Nonato veio para João Pessoa em 78 e não teve mais contato com Jean-Claude, apenas acompanhando seus escritos, opiniões e entrevistas. Ultimamente vinha acompanhando com interesse e preocupação as notícias sobre o estado de saúde do cineasta. “Sua morte é um grande desfalque para o cinema, o jornalismo e a cultura do Brasil “, conclui.
