Neste domingo

Quase três milhões de petistas elegem novas direções no país

Quase três milhões de petistas elegem novas direções no país

O Partido dos Trabalhadores (PT) vai às urnas neste domingo (6) para eleger novas direções em todo o país. Após quase uma década sob a gestão de Gleisi Hoffmann, o PT terá um novo comandante nacional pelos próximos quatro anos, e entre os desafios em pauta está a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva frente à articulação de partidos da direita e de setores do bolsonarismo que lutam para inviabilizar a gestão e derrotar o mandatário. Quase três milhões de filiados poderão depositar seus votos em urnas espalhadas por todos os Estados e até mesmo no exterior. Quatro candidaturas foram registradas, representando correntes diferentes dentro do PT e o favorito ao comando nacional da legenda é o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, ligado à corrente Construindo um Novo Brasil, dominante no partido e formada por nomes como Gleisi e Lula.

Segundo reportagem do G1, Edinho é visto pelos pares como um petista de perfil moderado e defensor da ampliação das pontes de diálogo do partido com outras alas da política nacional. Ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff e ex-ministro, ele tem defendido uma modernização do PT e tem avaliado, também, que a sigla distanciou-se das suas bases e, por isso, precisa corrigir a estratégia. A candidatura de Edinho ganhou força e foi maturada ao longo de meses. Ele chegou a enfrentar resistência dentro da CNB e obstáculos para consolidar uma unidade em torno do seu nome. A temperatura interna só baixou em abril, por influência do próprio presidente Lula, um dos maiores apoiadores de Edinho Silva, o que resultou na retirada da candidatura do prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá.

O ex-prefeito de Araraquara confirma que o partido terá como prioridade clara em 2026 a reeleição do presidente Lula. Além disso, propõe ênfase na construção de uma política de alianças que deve ser trabalhada Estado por Estado, considerando a realidade política de cada território. “Enfim, precisamos fazer um debate franco e honesto com a sociedade brasileira”, declara Edinho. Além dele, as eleições internas do PT contam com os seguintes candidatos a presidente: Romênio Pereira, atual secretário de Relações Internacionais do partido e expoente da Movimento PT, Rui Falcão, deputado federal e ex-presidente da sigla, membro da corrente Novo Rumo, Valter Pomar, ex-vice-presidente do PT, dirigente nacional e integrante da Articulação de Esquerda.

Na disputa de hoje, o trio representa alas mais à esquerda do partido, com diferentes posicionamentos dentro desse espectro. Dentro do PT afirma-se que Edinho Silva é o candidato da “continuidade”, enquanto as outras candidaturas cumprem um papel de pressionar a sigla a tomar posições mais radicais. Lincoln Secco, professor da Universidade de São Paulo e autor do livro “História do PT”, avalia que o favoritismo de Edinho deve se confirmar no pleito de hoje. Para ele, as quatro décadas da sigla mostraram uma tendência a candidatos mais ao centro do espectro petista. Secco afirma que, por isso, o resultado do pleito será “previsível”. Mas ele destaca que o vitorioso deverá encontrar um partido e uma conjuntura política favorável a uma inclinação mais à esquerda. Rui Falcão, Romênio Pereira e Valter Pomar têm feito críticas ao terceiro mandato de Lula e à demora interna do Partido dos Trabalhadores em embarcar na disputa de 2026.

Nonato Guedes