Cientistas detectaram microplásticos em fluidos reprodutivos humanos: sêmen e fluido folicular — o líquido que envolve o óvulo no ovário. O achado vem de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (1), durante o congresso europeu de reprodução humana, em Paris. Foram analisadas amostras de 25 mulheres e 18 homens. Os fragmentos apareceram em 69% dos fluidos ovarianos e em 55% do sêmen.
Os microplásticos são partículas com menos de 5 milímetros, presentes no ar, na água e nos alimentos. Segundo os pesquisadores, eles entram no corpo principalmente por ingestão, inalação ou contato com a pele, podendo alcançar até os órgãos reprodutivos. O estudo ainda é preliminar e não foi revisado por pares, mas os autores alertam que os resultados são um indicativo de que a exposição é comum.
Presença maior no fluido ovariano
A equipe identificou nove tipos diferentes de microplásticos. Os mais comuns foram poliamida (náilon), poliuretano, polietileno e politetrafluoretileno (PTFE), usados em embalagens, roupas, utensílios domésticos e até panelas antiaderentes. No fluido folicular, as concentrações foram mais altas do que no sêmen.
Apesar da descoberta, os cientistas dizem que ainda não se sabe se essas partículas afetam a fertilidade ou causam danos diretos à saúde reprodutiva. Eles planejam expandir o número de amostras e investigar se há ligação entre a exposição a microplásticos e a qualidade dos espermatozoides e óvulos.
Especialistas pedem ação de governos
Embora não haja evidências conclusivas de danos, médicos e pesquisadores defendem que o estudo reforça a urgência de políticas públicas para conter a poluição por plásticos.
Entre as recomendações de especialistas para reduzir o contato com microplásticos estão evitar alimentos em embalagens plásticas, trocar recipientes por vidro ou inox e não aquecer comida em plástico no micro-ondas.