Um dos principais assuntos dessa pré-campanha visando à eleição de 2026, é a possível saída de Cícero Lucena da Prefeitura de João Pessoa e sua candidatura ao Governo do Estado.
Em toda história da política paraibana, apenas três Prefeitos decidiram deixar seus cargos, para disputarem o mandato de Governador, com dois deles tendo sucesso.
Pensando em comparar a situação de Cícero, aos outros três famosos gestores, o Polêmica Paraíba apresenta como foram essas três renúncias, a eleição e o resultado de cada pleito.
Wilson Braga – 1990
Primeiro Governador eleito pelo voto popular após a redemocratização em 1982, em uma histórica eleição contra Antônio Mariz, Wilson Braga tentou uma vaga no senado em 1986 pelo PFL (atual União Brasil), ficando em terceiro lugar na disputa, atrás de Raimundo Lira e Humberto Lucena, ambos do MDB.
Eleito Prefeito da capital em 1988 em uma vitória esmagadora contra João da Mata, Braga renunciou ao cargo em Março de 1990, para tentar retornar ao Palácio da Redenção já na época filiado ao PDT.
Na primeira disputa com a inclusão do segundo turno, o principal adversário do ex-Governador foi Ronaldo Cunha Lima, cassado pela ditadura em 1969, quando era Prefeito de Campina Grande, Ronaldo só voltou a política em 1986, quando retorna à Prefeitura da Rainha da Borborema ao vencer a disputa contra Vital do Rêgo.
A eleição de 1990 tinha ao todo cinco candidatos, Juracy Palhano do PDC (atual Democracia Cristã), Genival França do PT, João Agripino Maia do PDS (atual Progressistas) e às duas principais chapas Ronaldo Cunha Lima e o seu vice, Cícero Lucena ambos do MDB, contra Wilson Braga do PDT e o seu vice Enivaldo Ribeiro do PFL.
No primeiro turno Wilson Braga que era favorito nas pesquisas, saiu vitorioso com uma vantagem de mais de 36 mil votos, com 43,37% contra 40,22% de Ronaldo.
No segundo turno, Ronaldo Cunha Lima soube costurar bens as alianças políticas e atraiu João Agripino Maia para seu lado, fator preponderante para a sua incrível virada. Ronaldo venceu o segundo turno com 704.375 votos (55,1%), enquanto que, Wilson Braga teve 571.802 votos (44,8%).
Cássio Cunha Lima – 2002
Após ser Prefeito entre 1989 e 1992, Cássio Cunha Lima retornou a Prefeitura de Campina Grande no pleito de 1996 em uma chapa puro-sangue do MDB ao lado de Lindaci Medeiros.
Visando à reeleição em 2000, Cássio costurou uma aliança com o PT e a Vereadora Cozete Barbosa, que tinha tido uma votação surpreendente na disputa pelo Senado em 1998, ficando na terceira colocação ao atingir mais de 200 mil votos.
A chapa se mostrou implacável atingindo mais de 70% dos votos, mesmo tendo como adversários, o ex-Prefeito Enivaldo Ribeiro e o Deputado Estadual Vitalzinho, dois representantes de famílias tradicionais na política campinense.
Em 5 de abril de 2002, Cássio decidiu renunciar a Prefeitura de Campina Grande, para disputar o Governo do Estado, contra o Vice-Governador Roberto Paulino, apoiado pelo ex-aliado do clã Cunha Lima, José Maranhão.
Os outros candidatos do pleito eram Ana Mangueira do PSB, Maria José Mendes do PGT (atual PL), Lourdes Sarmento do PCO, Alexandre Arruda do PSTU e Avenzoar Arruda do PT.
Cássio era o favorito durante as pesquisas e esse favoritismo se confirmou no primeiro turno, com 752.297 (47,20%) dos votos, o tucano teve uma vantagem considerável contra Paulino, que alcançou 637.239 votos (39,98%).
No segundo turno apoiado pelo PT que estava muito forte com a iminente vitória de Lula contra José Serra e a adição de Wilson Braga que estava apoiando Cássio no primeiro turno e decidiu por apoiar Roberto no segundo, um forte movimento de virada foi sentido por todo o estado, mas no final Cássio se elegeu com uma pequena margem, durante um segundo turno frenético.
O tucano obteve 889.922 votos (51,35%), contra 843.127 votos do emedebista (48,65%).
Ricardo Coutinho – 2010
A primeira vitória de Ricardo Coutinho na disputa pela Prefeitura da Capital em 2004 foi costurada em uma aliança com o MDB e o então Senador José Maranhão, para pensar em uma chapa que derrotasse os Cunhas Lima em João Pessoa. O escolhido para ser o vice de Ricardo, foi Manoel Júnior, que optou por largar seu mandato na Assembleia.
Manoel resolveu disputar a Câmara em 2006, quando se elegeu Deputado Federal, abrindo espaço para um novo Vice, na reeleição de Coutinho em 2008
O escolhido foi o Secretário de Planejamento Luciano Agra, que nunca tinha tido disputado um cargo público e que se filiou ao PSB, formando uma chapa puro-sangue. A união entre Ricardo e Agra venceu João Gonçalves com uma larga vantagem, solidificando o nome do Prefeito como um provável candidato ao Governo em 2010.
No dia 31 de março de 2010, Ricardo Coutinho decide renunciar a Prefeitura da Capital, tendo como principal adversário, o Governador José Maranhão, que havia assumido o cargo em 2009, após a cassação de Cássio Cunha Lima.
Na formação da sua chapa, Ricardo teve o apoio de Cássio naquela que foi uma das principais histórias daquela eleição, com a entrada do PSDB no projeto, tendo Rômulo Gouveia como vice de Coutinho.
Os outros candidatos em 2010 eram, Marcelino Rodrigues do PSTU, Francisco Oliveira do PCB, Lourdes Sarmento do PCO e Nelson Júnior do PSOL.
Em um primeiro turno acirradíssimo, Ricardo conseguiu ir contra os prognósticos das pesquisas que indicavam Maranhã na frente, totalizando 942.121 votos (49,74%), contra 933.754 votos (49,30%).
Em um segundo turno marcado por polêmicas, Coutinho se elegeu com a maior margem no segundo turno desde Antônio Mariz em 1994, obtendo 1.079.164 votos (53,70%), contra 930.331 votos (46,30%) de Maranhão.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba