O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta quarta-feira (25) que a Polícia Federal ouça os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Cunha Bueno, que atuam na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são investigados por suposta tentativa de atrapalhar as investigações sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, no processo sobre tentativa de golpe de Estado.
Pedido da defesa e suspeitas de obstrução
A decisão atende a um pedido dos advogados do próprio Mauro Cid, que entregaram documentos à PF e pediram a abertura de inquérito para apurar a conduta de Wajngarten e Cunha Bueno. Segundo Moraes, as ações apontam para “obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa”.
Os defensores de Cid afirmam que, entre agosto e dezembro de 2023, os advogados teriam tentado obter informações indevidas. Por exemplo, Wajngarten teria abordado a filha de 14 anos do militar pelo WhatsApp. Já Cunha Bueno e Eduardo Kuntz, advogado do coronel Marcelo Câmara, teriam cercado a mãe de Cid durante um evento em São Paulo para influenciar a defesa do tenente-coronel.
Contatos proibidos e conflito de versões
Cid já estava sob medidas cautelares desde maio de 2024, proibido de usar redes sociais e de falar com investigados no caso. Os advogados de Cid entregaram à PF o celular da filha do militar para análise.
O STF investiga o advogado Eduardo Kuntz por suposta conduta ilegal ao procurar a família de Cid. Kuntz disse ao STF que Cid o procurou para tratar da defesa e que ele buscava esclarecer detalhes do acordo de delação. Contudo, Moraes entendeu que ele agiu além das obrigações legais.
Anulação da delação negada
A defesa de Bolsonaro pediu a anulação do acordo de delação de Mauro Cid, alegando falta de voluntariedade, com base em mensagens divulgadas pela revista Veja. Elas sugeririam que o militar teria mentido em depoimento e violado o sigilo do acordo.
O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido, mantendo a validade da colaboração premiada. A delação de Cid é peça-chave no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado.