Durante a sua visita à cidade de Patos, na maior festa que a cidade faz, que é comandada pelo seu grupo político, o deputado federal Hugo Motta, presidente da Câmara, mandou recados diretos para os seus aliados, notadamente. Estes recados, são decisões que ele já tem tomado e que precisavam ser colocados nesse atual contexto político de muita dúvida e indefinição.
Hugo Motta, a exemplo de João Azevedo, voltou a pregar que não tem pressa, que não precisa de velocidade para essas decisões que estão sendo cobradas pelos outros integrantes do grupo político e também pelos próprios aliados do Republicanos. Ele chegou inclusive a dar um exemplo: se o Republicanos quer uma candidatura própria numa carreira solo, que assuma esse risco, vamos discutir isso no momento certo, mas ele defendeu que é preferível todo o grupo com os arcos de todos os partidos decidir dividindo os cargos disponíveis.
Durante a sua estada, falando com a imprensa, e notadamente na entrevista na Arapuan, Hugo Motta declinou cinco recados diretos que servem para os que torcem para que ele dispute o Governo do Estado em 2026, mandou recado internamente para Adriano Galdino e também para os seus eleitores.
Para quem acompanha o atual processo político, estes recados de Hugo Motta, vão dando uma clareada do que ele pensa que deverá ser o que o Republicanos vai pôr em prática até o próximo ano. Os recados deixam evidente que Hugo Motta escolheu a unidade dos vários partidos e tendo o protagonismo do Republicanos, porque ele também faz cobrança e diz qual é o preço do protagonismo que o Republicano tanto decanta.
Mas vamos aos recados diretos que o deputado mandou. O primeiro deles é de que não aceita a cobrança feita pela imprensa. E muitos dos seus aliados, amigos e eleitores e correlegionários têm feito cobranças públicas para que ele defina logo uma candidatura ou define apoio a um determinado nome. Óbvio que Hugo Motta mandou esse primeiro recado para Adriano Galdino, que cobra do Republicanos e de Hugo Motta que lhe apoie para governador. O que ele percebe nessa sua fala é que está ficando impossível uma candidatura solo do Republicano em detrimento dos demais partidos e da unidade.
O segundo recado, recado, ele diz que não vai fazer uma indicação com base em amizade. Você é meu amigo e eu tenho que indicar. Óbvio que esse recado aí é mais amplo. Ele serve também para Adriano Galdino mas pode servir para outros que interpretam que Hugo Motta pode, na sua escolha, estar agradando o Aguinaldo Ribeiro.
O terceiro recado, ele é generalizado, não vai aceitar pressão, nem para ele, nem para o Republicanos. Óbvio que a pressão está vindo de todo lado, ele chegou até a acusar a imprensa de estar pressionando uma decisão. Mas essa assertiva não cabe, porque também os políticos estão colocando candidaturas na rua e não é a imprensa que está a fazer isso. Mas ele cunhou, não vai aceitar pressão, foi o terceiro recado.
O quarto recado já é de conhecimento público, mas ele fez questão de destacar e cunhou a seguinte frase, “eu não serei irresponsável de abandonar um projeto nacional, onde eu cheguei à presidência da Câmara dos Deputados para vir disputar um cargo na Paraíba. Eu tenho uma missão maior em Brasília, no comando da Câmara dos Deputados. Minha hora vai chegar, se tiver que ser assim”. Ele foi referência com esse recado a de que é muito jovem e que pode disputar o governo do estado no futuro. Eu arriscaria até dizer que esse recado aí é direto para o seu irmão amigo Lúcio Matos, mas é um recado claro, ele põe um ponto final em qualquer possibilidade de vir disputar o governo do estado. Hugo Motta vai mesmo disputar para deputado federal. Ser bem votado para ser reconduzido no tempo certo à presidência da Câmara dos Deputados.
O quinto e último recado, já era de se esperar, mas ele ainda não tinha falado sobre. Admitiu que a candidatura de Lucas em João Azevêdo, saindo para disputar o Senado, é provável que Lucas seja o candidato natural de todo o grupo a governador, em 2026. Quando ele coloca essa verdade, ele deixa claro de que não tem restrições ao nome de Lucas como candidato a governador de todo o grupo, mas ele aí coloca qual é o preço para o Republicanos embarcar nessa candidatura. As duas outras vagas de vice e senado, terão que ser do Republicanos, o seu partido. E aí, uma dessas vagas ficará no seu grupo, a provável candidatura de Nabor Wanderley para o Senado. Caberia a outra vaga, dentro do nível de importância, a Adriano Galdino ser o vice ou indicar o vice. Óbvio que quando ele coloca esse preço, ele está valorizando o passe do Republicanos nesse conjunto de forças.
É provável que ele possa até negociar uma dessas vagas, porque todos sabem, Cícero Lucena e seu grupo merece e deve ter uma vaga também nessa chapa, que seria provavelmente a vaga de vice para Mersinho. Ou até uma hipótese, de ficar para Cícero, a vaga de senador, que seria também para o próprio Cícero ou Mersinho, registrando que Cícero não tem admitido essa hipótese. Coloca o seu nome como candidato a governador da Paraíba a fora.
Se observarmos estes cinco recados principais colocados por Hugo Motta na sua passagem por Patos, a gente vai observando que os entendimentos, as conversas políticas com todos os integrantes do grupo, conduz para que a chapa vá se formando com o Republicanos, já dizendo qual é o seu preço e o preço do seu protagonismo.
Resta saber se Adriano Galdino admitirá mais na frente, recuar de sua candidatura a governador e aceitar o que vai lhe caber nessa composição. Resta também saber se Cícero Lucena vai recuar. Mas é bom esperar, porque a formação da chapa situacionista passa pela principal decisão, João Azevedo sai para disputar o Senado ou não. Essa decisão pode mudar todo o curso da formação da chapa. Mas uma coisa vai ficando clara, os recados de Hugo Motta vai apontando para o horizonte de entendimento de uma chapa de consenso, no grupo situacionista.