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Entenda se o Brasil pode ser atingido caso Irã e Israel partam para guerra nuclear

Foto: Getty Images
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O confronto entre Israel e Irã atingiu um novo patamar nas últimas horas, reacendendo temores de uma possível guerra de grandes proporções — até mesmo com potencial nuclear. A escalada começou na noite da última quinta-feira (13), quando Israel lançou um bombardeio contra a usina nuclear de Natanz, no sul de Teerã, capital iraniana. Desde então, os ataques têm sido mútuos e frequentes, com impactos diretos sobre as populações civis e a estabilidade do Oriente Médio.

Apesar da crescente tensão e dos riscos que um conflito nuclear representam para o mundo, especialistas garantem que o Brasil está fora da rota de perigo direto, ao menos do ponto de vista territorial e ambiental.

Em entrevista ao portal Terra, o professor titular da Escola Politécnica da USP e coordenador do curso de Engenharia Nuclear, Claudio Geraldo Schön, explicou que o país não seria afetado por uma explosão nuclear no Oriente Médio. “Existe uma região de alta pressão no Equador que mantém os efeitos no hemisfério onde ocorrem. Uma explosão no hemisfério norte não afeta diretamente o hemisfério sul”, esclareceu.

Ainda que os riscos diretos sejam mínimos, Schön alerta para o efeito dominó que uma guerra nuclear pode gerar. “Quando se fala de uma guerra atômica, se fala de grandes potências atacando umas às outras. Aí não sobra ninguém”, afirmou.

Ele ainda lembrou que países do hemisfério norte já realizaram diversos testes nucleares ao ar livre nas últimas décadas e, mesmo assim, o Brasil nunca enfrentou consequências ambientais por conta disso.

Para que o território brasileiro fosse afetado, seria necessário que uma explosão ocorresse muito próxima, como no oeste africano — região que, segundo ele, não apresenta risco iminente de conflito nuclear, mesmo com os conflitos armados em curso no continente.

Escalada do Conflito e Impacto Regional

Na noite da segunda-feira (16), o Irã lançou uma nova onda de mísseis e drones contra Israel, atingindo diversas regiões como Tel-Aviv, Haifa e Bersebá, de acordo com as Forças de Defesa de Israel (IDF). As sirenes de emergência voltaram a soar, enquanto o conflito entra em seu quarto dia sem sinal de trégua.

Horas antes, mísseis israelenses atingiram a sede da emissora estatal iraniana IRIB, em Teerã, enquanto a âncora Sahar Emami estava no ar. O ataque fez parte de uma série de investidas de Israel, que já deixaram ao menos 224 mortos e mais de mil feridos no Irã até a noite de segunda-feira.

Por sua vez, as forças iranianas já mataram ao menos 24 pessoas em Israel, segundo atualizações das IDF. Em pronunciamento à imprensa, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elevou ainda mais o tom e não descartou ordenar a morte do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. “Isso acabaria de uma vez por todas com esse conflito”, disse.

Justificativas e Preocupações Internacionais

As forças armadas de Israel justificam os ataques como parte de uma operação de larga escala com o objetivo de impedir que o Irã avance no desenvolvimento de armas nucleares. Os alvos prioritários da ofensiva incluem instalações atômicas, fábricas de mísseis balísticos e centros de comando militar.

Enquanto isso, a comunidade internacional observa com crescente preocupação o desenrolar dos acontecimentos, temendo que a escalada ganhe proporções incontroláveis — o que poderia desencadear uma nova crise global.

Apesar do cenário alarmante, ao menos para os brasileiros, a possibilidade de impacto direto ainda permanece apenas no campo das especulações.