As comidas típicas como a canjica e o munguzá, o balanço do forró tradição de Mastruz com Leite ou Cavalo de Pau e a vibração das cores vivas dos figurinos… Junho é, sem dúvida, o mês mais aguardado no Nordeste, e o Festival de Quadrilhas Juninas é a expressão máxima dessa paixão.
Mais do que uma simples dança, as quadrilhas juninas se consolidaram como um espetáculo de arte, cultura e competição, enraizado na história do Brasil e com um brilho especial em João Pessoa.
Mas o que é o Festival de Quadrilhas Juninas?
O Festival de Quadrilhas Juninas é uma celebração que transcende a dança, transformando-se em uma verdadeira maratona artística e competitiva.
Em essência, é um torneio onde grupos de quadrilheiros, com seus enredos, figurinos elaborados e coreografias sincronizadas, disputam o reconhecimento e o título de melhor quadrilha.
Para o público, é uma grande festa que preserva as tradições culturais nordestinas.
Para os participantes, é uma disputa séria, que exige meses de ensaio, dedicação e paixão.
As quadrilhas devem defender um tema, transmitir uma mensagem e encantar jurados e audiência em apresentações que duram cerca de 40 minutos, divididos entre entrada e exibição.
A performance é avaliada por nove quesitos: Entrada no arraial, Figurino, Marcador, Coreografia, Animação, Conjunto, Repertório musical, Casamento e Saída do arraial.
Em cada festival, sete jurados distintos atribuem notas, sendo a mais alta e a mais baixa descartadas para garantir equilíbrio no julgamento.
Como surgiu as quadrilhas juninas no Brasil?
A trajetória das quadrilhas juninas no Brasil remonta às danças de salão europeias, especialmente a “quadrille” francesa do século XVIII.
Trazida ao Brasil pela corte portuguesa no início do século XIX, por volta de 1830, a dança aristocrática rapidamente se popularizou.
Com a Proclamação da República e a destituição da Monarquia, a quadrilha se interiorizou, encontrando seu lar nas populações mais pobres e nas regiões rurais, onde se fundiu às celebrações da colheita do milho.
Ao longo do século XX, a quadrilha passou por uma significativa transformação.
Ritmos brasileiros, indígenas e afro-americanos como o xaxado, a marcha, o galope, o baião e o coco foram incorporados, “abrasileirando” a manifestação.
A obra de Luiz Gonzaga foi fundamental para consolidar a identidade nordestina da quadrilha.
Nas últimas décadas, o que antes era uma brincadeira familiar em pequenas comunidades se profissionalizou, dando origem a grandes espetáculos com temas e enredos complexos, que hoje competem em níveis estaduais, regionais e nacionais.
Virou lei!
Em 24 de junho de 2024, um marco histórico foi alcançado: a Lei Nº 14.900, sancionada pelo presidente Lula, oficializou a quadrilha junina como manifestação da cultura nacional.
Esse reconhecimento reforça a importância social, cultural e econômica desses grupos, que, além de preservar a tradição, geram empregos e impulsionam o turismo local.
Festival de Quadrilhas Juninas em João Pessoa
João Pessoa respira o São João e as quadrilhas juninas o ano inteiro. A cidade é um dos polos onde essa arte popular se manifesta com força e tradição.
Atualmente, mais de 160 quadrilhas juninas de competição estão registradas na Paraíba, e muitas delas representam bairros e comunidades pessoenses, estimulando um forte senso de localismo e rivalidade sadia.
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O Festival de Quadrilhas Juninas de João Pessoa é um dos dez grandes festivais que compõem a Federação das Entidades das Quadrilhas Juninas da Paraíba.
As competições locais servem como eliminatórias para a etapa estadual, que, por sua vez, define o representante para o Festival de Quadrilhas Juninas da Globo Nordeste.
A Prefeitura de João Pessoa, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), tem desempenhado um papel crucial no “renascimento” do movimento das quadrilhas juninas na cidade.
Desde 2021, há uma política de acolhimento e estímulo financeiro aos grupos, com subvenções que, em 2025, chegam a R$ 35 mil para cada junina, além de um investimento substancial na estrutura dos eventos.
Vale destacar a rivalidade histórica entre a Lageiro Seco, de João Pessoa (a quadrilha junina mais antiga do Brasil ainda em atividade e maior campeã estadual), e a Moleka 100 Vergonha, de Campina Grande (única do estado a vencer duas vezes o Festival da Globo Nordeste e uma vez a etapa nacional).
Em 2025:
A edição de 2025 do Festival de Quadrilhas Juninas de João Pessoa aconteceu em um dos cartões-postais da cidade: o Busto de Tamandaré, localizado na orla pessoense.
Uma grandiosa estrutura foi montada na Praia de Cabo Branco, com arena, iluminação adequada, arquibancadas, som e todas as condições logísticas para as apresentações e para receber o público.
A grande campeã do XXIX Festival de Quadrilhas Juninas de João Pessoa em 2025 foi a Quadrilha Junina Fogueirinha, do bairro de Cruz das Armas.
O resultado foi anunciado na noite de 11 de junho pela Funjope e Liga das Quadrilhas Juninas da Capital (LiquajuJP).
Em segundo lugar ficou a tradicional Lageiro Seco, do Roger, e em terceiro, a Sanfona Branca, do bairro de Mangabeira.
As três quadrilhas se classificaram para a etapa estadual.
O Nordestão:
O Festival de Quadrilhas Juninas do Nordeste, também conhecido como Festival de Quadrilhas Juninas da Globo Nordeste, é o ápice da competição junina na região.
Realizado anualmente em julho, ele reúne as quadrilhas campeãs estaduais de todos os estados do Nordeste.
Disputam o título do Nordestão 10 quadrilhas: uma representante de cada um dos nove estados nordestinos, eleita nas eliminatórias estaduais (as campeãs estaduais), e uma décima representante que é a vice-campeã de Pernambuco, estado-sede que sedia o certame final.
Na edição de 2024, o festival aconteceu em 22 de junho no Ginásio Geraldão, em Recife, Pernambuco.
A Quadrilha Raio de Sol, de Pernambuco, foi a grande campeã com 359,6 pontos, apresentando o tema “A engrenagem que nos move”.
João Pessoa, através da sua campeã municipal (a Fogueirinha em 2025), participa do Festival Paraibano de Quadrilhas Juninas.
A quadrilha que conquista o título estadual ganha o direito de representar a Paraíba no Nordestão, levando o brilho e a tradição junina da capital paraibana ao palco regional em busca do tão cobiçado título.
A arte das quadrilhas juninas em João Pessoa e no Nordeste é um patrimônio cultural vibrante, que se renova a cada ano, unindo tradição e inovação em espetáculos grandiosos que encantam e emocionam.
